A Metamorfose dos Pássaros, Soa ou Mar entre os cinco filmes de autoras portuguesas que vão estar na Netflix

Convocatória da Academia Portuguesa de Cinema e da plataforma de streaming para promover as obras de realizadoras, produtoras e guionistas nacionais escolheu ainda Simon Chama e Desterro. Cinco filmes estreiam em 2022 na Netflix.

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A Metamorfose dos Pássaros, Soa, Mar, Simon Chama e Desterro são as longas-metragens portuguesas seleccionadas pela Netflix e pela Academia Portuguesa de Cinema no âmbito da sua iniciativa de promoção de trabalhos de profissionais mulheres do cinema nacional, anunciou esta quarta-feira a instituição portuguesa. A estreia dos cinco filmes na Netflix está prevista para 2022, em data a anunciar.

Os filmes em causa têm realizadoras, produtoras e/ou argumentistas mulheres ao leme: A Metamorfose dos Pássaros é realizado por Catarina Vasconcelos e produzido por Joana Gusmão (foi o candidato português à nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional, mas ficou pelo caminho), Soa, escrito e realizado por Raquel Castro e que tem Isabel Machado, Joana Ferreira e Sara Serra Simões na produção, Mar é realizado e assinado por Margarida Gil e teve Rita Benis como co-argumentista, Simon Chama é realizado por Marta Sousa Ribeiro (a sua primeira longa-metragem) e produzido por Joana Peralta e Desterro é um filme da luso-brasileira Maria Clara Escobar.

Entre 15 de Julho e 15 de Agosto esteve aberta uma convocatória para realizadoras, produtoras e guionistas “que tenham estado directamente envolvidas em longas-metragens portuguesas de ficção e/ou documentário, finalizadas entre 2019 e 2020” com a finalidade de seleccionar um total de cinco filmes — cada pessoa podia submeter no máximo duas obras — para “para licenciar e exibir na Netflix”. O que significa terem o potencial de chegar aos mais de 190 países em que a plataforma de streaming está disponível.

Foram apresentadas 31 candidaturas, revela a Academia Portuguesa de Cinema em comunicado. “Ambas as entidades concluem que as expectativas foram superadas”, lê-se na mesma nota.

Além dessa possibilidade de distribuição planetária, cada seleccionada recebe 15 mil euros (independentemente do negócio em torno do licenciamento dos direitos de distribuição e exibição do filme) após ter sido celebrado o acordo de licença com os envolvidos.

A escolha coube a um comité de selecção exclusivamente feminino: Carla Chambel (actriz), Fátima Ribeiro (guionista), Isadora Laban (responsável pelos conteúdos da Netflix ibérica) e Tota Alves (guionista e realizadora). Maria João Seixas (ex-directora da Cinemateca Portuguesa), estava na versão inicial da comissão, mas acabou por não participar no processo.

Os resultados desta iniciativa, que visa “dar visibilidade ao trabalho de mulheres cineastas e contribuir para colmatar as disparidades de género no sector do cinema e audiovisual em Portugal”, segundo se lê no comunicado inicial da parceria, deveriam ter sido conhecidos em Outubro mas só agora foram divulgados os nomes e projectos envolvidos.

Alguns dados já distantes no tempo sobre a disparidade de género no sector permitem fazer comparações que revelam uma melhoria na presença de mulheres no cinema nacional, mas evidenciam sobretudo um grande desequilíbrio. Entre 1991-93 em Portugal só 21,2% dos realizadores eram mulheres; dez anos depois essa parcela subiu para 27% segundo um estudo de 2005 coordenado por Rui Telmo Gomes, Vanda Lourenço e Teresa Duarte Martinho no âmbito do projecto comunitário Culture-Biz sobre o género na profissão de cinema em Portugal. No documentário a quota feminina subia para os 30%.

Desde a década de 1990 houve “uma lenta mas progressiva feminização das equipas de produção” de cinema em Portugal, lê-se no estudo, que destaca como há áreas do sector em que as mulheres estão em maioria — em 2004, entre 80 e 90% dos profissionais nos camarins que tratavam de figurinos, maquilhagem e cabeleireiro eram mulheres, contra 18% na realização e 53% na produção.

A 1 de Janeiro entra em vigor a transposição da directiva europeia do audiovisual em Portugal, que contempla obrigações de investimento financeiras por parte dos serviços de streaming, video on demand ou sites de partilha como o YouTube mas também a exibição de filmes, documentários ou séries europeias pré-existentes. Outras plataformas, como a HBO Portugal ou a Amazon Prime Video, têm já vários títulos portugueses nos seus catálogos.

Notícia corrigida às 11h: lista de membros do júri

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