Clima económico dos empresários está irregular desde o Verão

Indicador que mede sentimento económico nas empresas baixou em Novembro, voltando ao nível registado em Agosto.

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O volume de operações no multibanco aumentou em Novembro face a igual mês de 2020 Rui Gaudêncio

O clima económico em Portugal, um indicador utilizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para medir a opinião dos empresários sobre a actividade económica no país, está a evoluir de forma irregular desde o Verão, mostra a síntese de conjuntura divulgada nesta terça-feira pelo serviço estatístico português.

O indicador “diminuiu em Novembro, apresentando um comportamento irregular desde Julho”, nota o INE. Depois de uma recuperação entre Março e Junho, o índice recuou em Julho, voltou a melhorar em Agosto, baixou novamente em Setembro, subiu mais uma vez em Outubro — ficando no valor mais alto do ano —, mas em Novembro já voltou a recuar, baixando para o patamar em que se encontrava em Agosto.

Apesar de essa ser a tendência que resulta do saldo da opinião dos empresários da indústria transformadora, do comércio, dos serviços e da construção e obras pública, acelerou em Outubro depois de um abrandamento entre Maio e Setembro (ainda não é conhecido o valor do mês passado). Este é um indicador global da actividade económica, que, como refere o INE, “sintetiza um conjunto de indicadores quantitativos que reflectem a evolução da economia”.

Do lado dos consumidores também se registou uma quebra na confiança nos últimos dois meses. O INE nota como, ao contrário do que aconteceu em Agosto e Setembro, o indicador diminuiu em Outubro e Novembro, em particular no último mês.

O mesmo aconteceu com o conjunto dos consumidores da zona euro, onde essa foi a principal razão que fez baixar o indicador de sentimento económico em Novembro. Ao mesmo tempo, do lado dos empresários dos países que partilham a moeda única, registou-se “uma redução marginal da confiança na indústria”, mas, “em sentido contrário, os níveis de confiança aumentaram no comércio a retalho e, em menor grau, nos serviços e na construção”.

Em Portugal, “os indicadores de curto prazo da actividade económica na perspectiva da produção, disponíveis para Outubro, continuam a revelar elevados crescimentos em termos nominais na indústria e nos serviços, ligeiramente menos intensos” do que em Setembro, “enquanto em termos reais” se registou “uma diminuição mais intensa na indústria e um abrandamento na construção”, indica o INE.

Já “na perspectiva da despesa, os indicadores quantitativos de síntese da actividade económica e do consumo privado aceleraram em Outubro”, ao contrário da trajectória do indicador de investimento, que foi negativo nesse mês, tal como já acontecia desde Agosto.

Subida no consumo de bens não duradouros

Na síntese de conjuntura, o instituto estatístico lembra que, entre Julho e Setembro (terceiro trimestre), a economia cresceu 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado (no segundo trimestre crescera em termos homólogos 16,1%, uma subida que reflectiu a comparação com um período de forte retracção económica durante a primeira vaga da pandemia em 2020).

A melhoria da procura interna ajudou à recuperação, mas o seu contributo foi “menos intenso” do que no segundo trimestre. O consumo privado cresceu 4,6% face ao terceiro trimestre do ano passado, o consumo público cresceu 3,7% e o investimento 5,8%.

No caso do consumo privado (das famílias residentes em Portugal), os dados trimestrais mostram que houve um aumento mais intenso (de 5,8%) no consumo de bens não duradouros e serviços, havendo “um abrandamento na componente alimentar”, e, em contraste, uma diminuição (de 5,7%) na componente de bens duradouros (depois de um aumento próximo dos 38% o trimestre anterior).

O INE apresenta outro indicador que permite perceber como está a variar o consumo nesta época anterior ao Natal — o das operações dos cidadãos ou empresas na rede multibanco. Os dados de Novembro mostram que “o montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais TPA [máquinas de pagamento das lojas e outros estabelecimentos] apresentou um crescimento homólogo de 21%”, superior ao que se verificou em Outubro (14,6%) e que coloca o nível de movimentações num valor superior ao de Novembro de 2019, antes da pandemia.

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