Palestinianos votam em eleições municipais, descontentes com Abbas

Eleições decorrem em alguns locais da Cisjordânia mas não na Faixa de Gaza. O Presidente Abbas cancelou legislativas e presidenciais no Verão.

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As eleições só se realizaram em alguns locais na Cisjordânia ABED AL HASHLAMOUN/EPA

Mais de 400 mil palestinianos na Cisjordânia votaram este sábado em eleições municipais, numa altura em que as eleições são raras e quando aumenta o descontentamento com o Presidente, Mahmoud Abbas, por este ter cancelado as eleições legislativas e presidenciais que deveriam ter sido realizadas este ano.

As últimas legislativas ocorreram em 2006, um ano depois das últimas presidenciais, em 2005, em que Mahmoud Abbas, 86 anos, foi eleito para um mandato de quatro anos que se estendeu até agora.

As razões vão desde a separação dos dois territórios palestinianos entre a Fatah, na Cisjordânia, e o Hamas, na Faixa de Gaza, na sequência da votação de 2006 em que o Hamas foi o mais votado, e restrições israelitas ao voto dos residentes em Jerusalém – o Hamas diz que a restrição ao voto em Jerusalém é uma desculpa de Abbas, que teme que a Fatah perca, Abbas nega que seja essa a razão.

O Hamas ganhou popularidade depois do conflito com Israel em Maio, em que foi visto como capaz de travar acções israelitas em Jerusalém (limites à entrada na mesquita de Al-Aqsa durante Ramadão, expulsões de residentes do bairro de Sheikh Jarrah em acções de colonos em tribunal, e uma marcha nacionalista na zona árabe da Cidade Velha), apesar dos onze dias de bombardeamentos aéreos de Israel na Faixa de Gaza e lançamento de rockets do território contra Israel terem levado a mais de 250 mortos em Gaza (12 em Israel).

O Hamas ganhou este ano algumas eleições nos conselhos de estudantes em algumas universidades importantes da Cisjordânia, no que é um barómetro importante de apoio.

Por outro lado, a popularidade de Abbas desceu não só por causa das eleições, mas também pela repressão de manifestações contra a Fatah depois da morte, em Junho, de Nizar Banat, 43 anos, antigo membro da facção que saiu e se tornou muito crítico, durante a sua detenção pela polícia, em Junho. Uma sondagem de Setembro indicava que 80% dos palestinianos queriam a demissão de Abbas.

Na Cisjordânia, estavam agora em causa 154 conselhos municipais, na maioria em zonas rurais, com zonas urbanas e cidades como Ramallah a terem eleições marcadas apenas para 2022. As autoridades da Faixa de Gaza não realizaram estas eleições locais.

“Estas eleições não podem ser uma alternativa a eleições legislativas”, disse à Reuters Ahmad Issa, 23 anos, à saída de uma assembleia de voto na cidade de Bir Nabala. Uma votação para um novo parlamento poderia dar “um horizonte para a juventude” e levar a reformas, disse.

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