Inquérito disciplinar a Orlando Figueira retomado três anos depois de condenação inicial

Conselho Superior do Ministério Público esperou por resultado do recurso para o Tribunal da Relação, que confirmou sentença. Magistrado voltou a receber salário desde meados de 2019, apesar de estar impedido de exercer funções.

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Rui Gaudencio

O Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) confirmou a retoma do inquérito disciplinar contra Orlando Figueira, que viu o Tribunal da Relação de Lisboa manter a condenação deste procurador a uma pena de prisão de seis anos e oito meses.

A informação consta do boletim informativo do CSMP publicado no site oficial da Procuradoria-Geral da República, relativo à sessão do organismo realizada no dia 30 de Novembro, e surge na sequência da decisão do Tribunal da Relação, que confirmou a condenação de 2018 do magistrado no âmbito do processo Operação Fizz.

“O CSMP deliberou por unanimidade determinar a cessação da suspensão dos autos de apuramento de responsabilidade disciplinar em que é visado o senhor procurador da República, Dr. Orlando de Jesus Cabanas Figueira, e, consequentemente ordenar o prosseguimento do inquérito”, refere o boletim do órgão disciplinar do Ministério Público.

A retoma do inquérito tinha sido avançada pelo Observador na última sexta-feira, após informação oficial da PGR adiantar que era possível “perspectivar a existência de condições para que, em prazo curto e sob proposta do instrutor, possa ocorrer a conversão em processo disciplinar”. Orlando Figueira foi condenado em primeira instância, a 7 de Dezembro de 2018, a seis anos e oito meses de prisão por corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documento, tendo sido ainda inibido de exercer funções durante cinco anos.

Apesar de estar suspenso preventivamente de funções, foi colocado este ano no Tribunal de Execução de Penas de Lisboa, no âmbito do movimento geral de magistrados, tendo voltado a receber salário em meados de 2019

O processo da Operação Fizz está relacionado com pagamentos, de mais de 760 mil euros, do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente, e a oferta de emprego a Orlando Figueira como assessor jurídico do Banco Privado Atlântico, em Angola, como contrapartida do arquivamento de inquéritos em que o também antigo presidente da Sonangol era visado, designadamente na aquisição de um imóvel de luxo no edifício Estoril-Sol, por 3,8 milhões de euros.

O processo-crime de Manuel Vicente foi separado do resto da Operação Fizz e foi enviado para Angola, onde este suspeito  beneficia de imunidade até 2022.

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