Conservadores austríacos já escolheram novo chefe do Governo

Actual ministro do Interior, Karl Nehammer, é o senhor que se segue, depois de Kurz anunciar o abandono da política e do dirigente que escolhera para o substituir anunciar que dava lugar ao novo líder do partido.

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Nehammer é o novo chanceler designado pelo Partido Popular, o mais votado nas últimas eleições CHRISTIAN BRUNA/EPA

O Partido Popular (ÖVP) austríaco escolheu esta sexta-feira o seu novo líder, o actual ministro do Interior, Karl Nehammer, que assim se tornará o próximo chanceler. Na véspera, Sebastian Kurz, que se demitira da chefia de Governo em Outubro mas continuara à frente do conservadores e da sua bancada no Parlamento, anunciou que abandona a política; horas depois, o actual chanceler, Alexander Schanllenger, demitia-se para abrir caminho a quem assumisse a liderança do partido.

“Fui designado por unanimidade pela liderança do ÖVP como presidente do partido e, consequentemente, como candidato a chanceler”, afirmou Nehammer aos jornalistas em Viena. “Estou extremamente grato, é uma honra e um privilégio que não esperava”, acrescentou, anunciado ainda que vai realizar uma vasta remodelação governamental. Schanllenger, que Kurz designara para lhe suceder, vai regressar à pasta dos Negócios Estrangeiros. O ministro das Finanças, Germot Blümel, anunciou, entretanto, a sua demissão.

Kurz deixara o Governo depois de o seu gabinete e da sede do ÖVP serem alvo de buscas num caso de suspeitas de quebra de confiança, corrupção e suborno que envolve vários responsáveis governamentais e do partido – o ex-chanceler é suspeito de auxílio e cumplicidade – e em que fundos do Estado terão sido usados para influenciar um jornal a publicar uma sondagem favorável ao chanceler.

Muitos no ÖVP acreditariam que Kurz estava à espera de limpar o seu nome e a preparar o regresso ao poder, mas o dirigente, que acaba de ser pai, anunciou em vez disso que pretende dedicar-se à família.

Nehammer, de 49 anos, estava no Ministério do Interior desde as eleições antecipadas de 2019, quando Kurz negociou uma inédita coligação com os Verdes. Ex-militar, coube-lhe pôr em prática a política de marca de Kurz, uma linha dura contra a imigração irregular, reforçando os controlos na fronteira e diminuindo os apoios aos refugiados e requerentes de asilo.

O político que agora vai liderar os destinos da Áustria já sobreviveu a uma grande polémica como ministro, quando se percebeu que o autor do atentado do ano passado em Viena, o atirador com simpatias pelo Daesh que matou quatro pessoas, estava em liberdade apesar de ser um jihadista condenado que se sabia ter tentado comprar munições para a sua espingarda de assalto. Condenado a 22 meses de prisão em 2019 por “participação em organizações terroristas”, o atacante tinha sido libertado mais cedo por ter sido julgado como jovem adulto e por ter terminado com aparente sucesso um programa de desradicalização.

Nehammer admitiu “erros intoleráveis”, mas responsabilizou o seu antecessor de extrema-direita, Herbert Kickl, pelo estado do Ministério. Kickl tinha estado no cargo menos de dois anos – quando venceu as primeiras eleições, em 2017, Kurz aliou-se ao radical Partido da Liberdade – e o posto tinha sido ocupado durante os 17 anos anteriores por ministros saídos do ÖVP.

Os conservadores estão no poder na Áustria desde 1987, governando ora com os sociais-democratas ora com a extrema-direita.

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