Climatólogos reiteram alertas e pedem medidas imediatas contra aquecimento global

Numa carta divulgada esta quinta-feira, os climatólogos salientam que a COP26 é um momento “histórico” para o futuro da humanidade.

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As actividades humanas já aqueceram o planeta em cerca de mais de 1,1 graus Celsius MIKE HUTCHINGS/REUTERS

Mais de 200 climatólogos escreveram uma carta aberta à cimeira do clima que decorre em Glasgow, perguntando se leram bem os avisos dos cientistas e pedindo medidas imediatas e decisivas contra o aquecimento global. Na véspera do fim oficial da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) em Glasgow, Reino Unido, os climatólogos salientam no documento divulgado esta quinta-feira que o encontro mundial é um momento “histórico” para o futuro da humanidade.

“Nós, climatólogos, sublinhamos a necessidade de acções imediatas, fortes, rápidas, duráveis, e em larga escala para limitar o aquecimento global a um nível bem inferior a mais de dois graus Celsius e para continuar os esforços para o limitar a 1,5 graus Celsius”, como previsto no Acordo de Paris de 2015, dizem os cientistas na carta aberta. “A COP26 é um momento histórico para o destino do clima, das sociedades, e dos ecossistemas, porque as actividades humanas já aqueceram o planeta em cerca de mais de 1,1 graus Celsius e as futuras emissões de gases com efeito de estufa determinarão um maior aquecimento”, adiantam.

Após mais de dez dias de negociações, a COP26 está a entrar na recta final, mas apesar dos anúncios de novos compromissos desde o início da conferência o mundo continua a caminhar para um aquecimento “catastrófico” de 2,7 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, de acordo com a última avaliação da ONU. Na carta aberta, os climatólogos insistem nas conclusões claras dos múltiplos relatórios dos peritos em clima das Nações Unidas: o aquecimento sem precedentes causado pelos gases com efeito de estufa gerados pelas actividades humanas, a multiplicação de eventos climáticos extremos, as grandes diferenças de impacto entre mais de dois graus Celsius ou mais de 1,5 graus Celsius, e os impactos por vezes já “irreversíveis”.

O último relatório, de Agosto, do Painel Intergovernamental para a Alterações Climáticas (IPCC, na sigla original), sob a égide da ONU, advertiu para o risco de se atingir o limiar de mais de 1,5 graus Celsius por volta de 2030, dez anos mais cedo do que anteriormente estimado. Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos estão reunidos até sexta-feira em Glasgow para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e dois graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial. Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 graus Celsius.

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