Houve um aumento sem precedentes da temperatura nos últimos 150 anos

Através da análise, os investigadores verificaram que os principais impulsionadores das alterações climáticas, desde a última era glacial, são as concentrações de gases com efeito de estufa e o recuo das camadas de gelo.

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O estudo indica uma tendência geral de aquecimento ao longo dos últimos 10.000 anos Francois Lenoir/Reuters

As temperaturas globais tiveram um aumento “sem precedentes” nos últimos 150 anos, indica uma análise às temperaturas globais dos últimos 24.000 anos feita pela Universidade do Arizona, Estados Unidos, divulgada esta quinta-feira.

Os investigadores criaram mapas de temperaturas globais, com intervalos de 200 anos, desde a última era glacial, há cerca de 24.000 anos, e os resultados foram publicados esta semana na revista científica Nature, quando decorre em Glasgow, Reino Unido, uma conferência mundial sobre o clima, a COP26. Através da análise, os investigadores verificaram que os principais impulsionadores das alterações climáticas, desde a última era glacial, são as concentrações de gases com efeito de estufa e o recuo das camadas de gelo.

O estudo indica uma tendência geral de aquecimento ao longo dos últimos 10.000 anos e indica também que a magnitude e a taxa de aquecimento nos últimos 150 anos ultrapassam de longe a magnitude e taxa das mudanças ao longo dos últimos 24.000 anos. “Esta análise sugere que as temperaturas actuais são sem precedentes em 24.000 anos, e também sugere que a velocidade do aquecimento global causado pelo homem é mais rápida do que qualquer coisa que tenhamos visto nesse mesmo tempo”, disse Jessica Tierney, professora associada da Universidade do Arizona e co-autora do estudo. A responsável tem contribuído para os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), publicados sob a égide da ONU e que alertam para os perigos do aquecimento global.

Matthew Osman, outro dos autores do trabalho, também da mesma instituição, salientou que o planeta está mais “fora dos limites” do que poderia ser considerado normal e que isso “é motivo de alarme”. E os mapas, acrescentou, dão uma noção do “quão grave são hoje as alterações climáticas”. A equipa de investigadores, para chegar aos resultados, combinou dados da temperatura obtidos através de sedimentos marinhos com simulações computadorizadas do clima.

Até sexta-feira, em Glasgow, mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos debatem precisamente (na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas –​ COP26) a forma de evitar o aumento das temperaturas globais. A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e dois graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial. Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 graus Celsius.

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