Assalto a consulado no Rio de Janeiro: “Foi uma intrusão no nosso território”, diz embaixador

Cônsul-geral de Portugal e família foram reféns de grupo armado na madrugada de sábado. Assaltantes roubaram vários bens do diplomata e continuam a monte. Brasil já garantiu “empenho” nas investigações.

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O relógio estava prestes a bater as 2h no Rio de Janeiro (5h em Lisboa), na madrugada deste sábado. Um grupo de criminosos armados conseguiu ultrapassar os seguranças e aceder ao complexo onde reside o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Luiz Gaspar da Silva. O diplomata e a família acabariam por ficar reféns do grupo armado, com vários bens a serem roubados durante o assalto. Os assaltantes conseguiram fugir do local, sendo agora perseguidos pela polícia brasileira.

O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, confirma ao PÚBLICO a gravidade da situação, revelando que será apresentada uma queixa em nome do país junto das autoridades brasileiras.

“É grave, estamos a falar de território português. Segundo as convenções internacionais, foi uma intrusão no nosso território. Felizmente não há vítimas, tanto o cônsul como a família estão bem. Apanharam um susto enorme. Do nosso lado, enquanto embaixador de Portugal no Brasil, posso dizer – além daquilo que é conhecimento público – que vamos formalizar junto das autoridades federais brasileiras uma queixa. Esperemos que as investigações sejam céleres e ofereçam resultados”, adiantou o embaixador de Portugal no Brasil.

De acordo com as informações recolhidas pelas autoridades, terá sido um grupo de seis a sete assaltantes a entrar no complexo do cônsul-geral. “Tanto quanto sei, e as autoridades brasileiras é que estão a tratar do assunto, os assaltantes não foram detidos, presume-se que tenham escapado. Isso agora faz parte da investigação que, repito, esperamos que seja célere e conduza a resultados. Isto é um acontecimento grave: não é só pelo susto que as pessoas apanham, mas é também pelo facto de ser uma intrusão em território português”.

Do assalto não resultaram feridos, não tendo sido usada violência física contra o diplomata ou contra a sua família. “Eles estão bem, já falei com eles, também com o cônsul, Luiz Gaspar da Silva. Claro que as pessoas ficam afectadas, quando se vive uma situação dessas”, atesta Luís Faro Ramos.

Também João Marco de Deus, vice-cônsul no Rio de Janeiro, revela que Luiz Gaspar da Silva e os familiares estão emocionalmente afectados após o assalto no Rio de Janeiro. “Estão fisicamente bem, obviamente bastante traumatizados, como todos estaríamos, mas estão bem. Está tudo bem com a família do cônsul e não há nada a reportar, quer com a família quer com os funcionários”, afirmou, em declarações à agência Lusa.

O incidente motivou a reacção de várias figuras de Estado em Portugal. O Presidente da República entrou em contacto com o Cônsul-Geral de Portugal no Rio de Janeiro sobre os acontecimentos da noite do assalto. A informação foi avançada numa publicação na página da Presidência da República.

Brasil garante “empenho” na investigação

O ministro das Relações Exteriores brasileiro garantiu ao Governo português todo o empenho das autoridades policiais no caso do assalto à residência do cônsul de Portugal no Rio de Janeiro, revelou o ministro Augusto Santos Silva à Lusa.

Esta garantia foi transmitida num telefonema que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, fez na manhã deste domingo ao ministro dos Negócios Estrangeiros Português.

“Naturalmente, agradeci este gesto que muito me sensibiliza e manifestei da minha parte, também, toda a certeza em que a segurança devida das missões diplomáticas, nos termos das convenções internacionais, é garantida”, afirmou Augusto Santos Silva, notando que o assalto foi “um incidente muito grave, mas um incidente isolado”. com Lusa

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