Moedas preocupado com insegurança em Lisboa

Autarca reuniu com Polícia Municipal e PSP para debater a questão da segurança, numa altura em que a violência que tem decorrido na noite provoca um sentimento de insegurança na cidade. Quer reactivar o Conselho Municipal de Segurança.

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Ricardo Lopes

O novo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, diz-se preocupado com os recentes casos de violência que têm sido registados na noite de Lisboa. O último foi o ataque a um jovem de 19 anos que circulava na estação de metro das Laranjeiras, na passada quarta-feira, onde foi violentamente agredido com uma arma branca, provocando lesões graves que acabaram por resultar na sua morte.

“É um caso trágico. Isso é algo que traz um sentimento enorme de inseguranças às pessoas. As pessoas sentem que essa violência aumentou”, disse Carlos Moedas aos jornalistas, à saída de uma reunião com o comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide.

“O que temos visto nos últimos tempos é que tem havido situações visíveis de insegurança. E que isso preocupa os lisboetas”, notou ainda o autarca, que dedicou a manhã desta terça-feira a debater o tema da segurança com as forças policiais da cidade - PSP e Polícia Municipal. “Vim transmitir essa preocupação. De que é importante ver mais polícia na rua, que as pessoas sintam essa segurança”, disse o autarca social-democrata, que se fez acompanhar pelo vereador Ângelo Pereira.

Para tal, Moedas quer reactivar o Conselho Municipal de Segurança, um órgão consultivo que senta à mesa o município, a Polícia Municipal e a PSP para nele se discutirem questões relacionadas com a segurança na cidade. Propõe ainda que sejam criados “programas de polícia comunitária” e que haja mais articulação entre a Polícia Municipal e a PSP.

Face aos incidentes que têm sido registados na capital nos últimos meses, a PSP tem tentado tranquilizar, dizendo que a criminalidade violenta tem vindo a diminuir nos últimos anos, nomeadamente junto das zonas de diversão nocturna. No entanto, ainda na segunda-feira, o director nacional da PSP, Magina da Silva, alertou para um aumento da intensidade da violência com que os crimes são cometidos, sendo recorrente nos últimos tempos o uso de armas brancas e da força para ferir gravemente.

Em declarações à agência Lusa, Magina da Silva disse que os números da criminalidade violenta e grave “não parecem, na sua perspectiva global, estar a subir” em relação aos anos anteriores da pandemia de covid-19, mas “a intensidade da violência usada para cometer os crimes violentos e graves tem aumentado”.

Neste ponto, a instalação de mais câmaras de videovigilância pode ser uma ferramenta útil para o trabalho das forças de segurança, acredita Moedas. Essa será uma prioridade no mandato que agora inicia. “É importantíssimo para a PSP, para a Polícia Municipal e para a cidade ter um sistema de videoproteccão”, considerou.

Esse trabalho está agora nas mãos da autarquia. O município viu já aprovada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados e pelo Ministério da Administração Interna a instalação de 216 câmaras de vigilância em zonas como a Praça do Comércio, o Cais das Colunas, o Rossio, a Praça dos Restauradores, a Praça da Figueira, a Rua Augusta, a Rua Áurea, a Rua da Prata, a Rua dos Fanqueiros, a Rua do Comércio e restantes transversais, bem como a Avenida Ribeira das Naus, o Cais do Sodré, Santa Apolónia – Rua dos Caminhos de Ferro e Avenida Infante D. Henrique, o Campo das Cebolas e o Miradouro de Santa Catarina. Questionado sobre em que ponto está a instalação destas câmaras, Moedas disse não ter números concretos, mas que o processo está a avançar.

Uma das recorrentes queixas das forças de segurança é a falta de efectivos, por exemplo, para o patrulhamento a pé, mais visível e por isso mais eficaz na dissuasão de conflitos. Em parte, tal deve-se ao facto de a PSP ter um corpo policial envelhecido.

Sobre esse assunto, Moedas admitiu que na Polícia Municipal – cujos efectivos pertencem também à PSP – “há verdadeiramente falta de recursos”. “Há dois, três anos, a Polícia Municipal teve quase 600 efectivos e neste momento tem 488”, notou, aproveitando para deixar um recado ao Governo: “Precisamos de ter mais efectivos [nas polícias]. É um pedido que faço ao Governo central, sobretudo agora que estamos nestas discussões sobre o orçamento.”

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