Director da PSP alerta para aumento da intensidade da violência nos crimes

Magina da Silva diz que os números da criminalidade grave e violenta não parecem estar a subir.

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Daniel Rocha

O director nacional da PSP alertou esta segunda-feira para um aumento da intensidade da violência com que os crimes são cometidos, sendo recorrente nos últimos tempos o uso de armas brancas e da força para ferir gravemente.

Em declarações à agência Lusa, Magina da Silva disse que os números da criminalidade violenta e grave “não parecem, na sua perspectiva global, estar a subir” em relação aos anos anteriores da pandemia de covid-19, mas “a intensidade da violência usada para cometer os crimes violentos e graves tem aumentado”.

O director nacional da Polícia de Segurança Pública sustentou que este aumento da violência é uma constatação.

“O volume da criminalidade não será superior aos anos pré-pandemia, mas sentimos que por parte de quem comete os crimes associados à criminalidade violenta e grave os comete com uma intensidade de violência que nos parece ser mais intensa do que anos anteriores”, precisou Magina da Silva.

O responsável deu conta que há um uso “muito recorrente” a armas brancas e de alguma força quando não são usadas armas, tendo esta “violência capacidade para ferir gravemente”.

O director nacional da PSP frisou que os níveis de criminalidade, como também a sinistralidade rodoviária, foram “naturalmente subindo” com o avançar do desconfinamento devido ao regresso da normalidade, mas para patamares idênticos aos registados antes da pandemia.

Vídeovigilância é bem vinda

Magina da Silva disse também que a PSP reforçou o policiamento nos locais de concentração de pessoas e onde podem ocorrer mais crimes. No entanto, alertou que “não é possível ter a PSP a toda a hora, em todo o lado e em todas as esquinas”.

Nesse sentido, manifestou “muita confiança” na proposta do Governo que regula a utilização de sistemas de vigilância por câmaras de vídeo pelas forças e serviços e que está neste momento em discussão na Assembleia da República. Magina da Silva destacou esta proposta não pela questão do uso de “bodycams” pelas polícias, mas sim pela videovigilância, considerando tratar-se de uma ferramenta muito útil para o trabalho das forças de segurança.

“É importante não perder esta oportunidade legislativa para se poder fornecer às polícias esta ferramenta fundamental que serve não só para a prevenção, como para a repressão criminal e identificação de criminosos”, sustentou.

O director nacional da PSP avançou também como um ponto importante na videovigilância “a reacção em tempo real que as polícias podem ter para ocorrências em curso ou em pré-curso para rapidamente se conseguir detectá-las e activar os meios necessários para prevenir ou evitar que escalem”.

O responsável esclareceu também que a videovigilância “não deve ser de maneira nenhuma encarada como uma ferramenta big brother”, frisando que se trata de espaços públicos e que os dados gravados são devidamente preservados.

“Não podemos ter um polícia em cada esquina, mas podemos ter um polícia a olhar para várias câmaras que estão em várias esquinas, multiplicando a capacidade das forças e serviços de segurança”, disse, lamentando que actualmente “qualquer cidadão pode filmar tudo com o seu telemóvel”, mas “os polícias não podem”.

A proposta do Governo que regula a utilização de sistemas de vigilância por câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança prevê o alargamento do uso destas tecnologias pelas polícias, passando a ser permitido as bodycams pelos elementos da PSP e da GNR, drones e várias câmaras de vídeo no apoio à actividade policial e no controlo de tráfego na circulação rodoviária, marítima e fluvial, circulação de pessoas nas fronteiras e em operações de busca e salvamento.

O director nacional da PSP falou à agência Lusa no final da tomada de posse dos novos comandantes dos comandos distritais da PSP de Leiria, Santarém e Setúbal, numa cerimónia que decorreu na direcção nacional da Polícia de Segurança Pública.

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