Varizes e sedentarismo: uma relação que precisa de intervenção

O sedentarismo representa um dos factores de risco de maior relevância para o aparecimento da doença venosa crónica, cuja manifestação mais comum são as varizes. Se estas surgirem deve procurar acompanhamento médico para prevenir complicações.

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Anelya Okapova/Unsplash

A doença venosa crónica dos membros inferiores é uma patologia muito frequente na população portuguesa, com uma prevalência estimada de 35% na idade adulta.

A sua manifestação mais comum são as varizes, mas, quando não tratada atempadamente, pode evoluir para estadios mais avançados e mais graves. A manifestação mais precoce corresponde ao aparecimento das microvarizes (“derrames”), muitas vezes tidas como um problema estético, mas frequentemente associadas a sintomas desconfortantes. Com o evoluir da doença surgem as varizes tronculares salientes e o edema ou inchaço. Nos estadios mais avançados podem desenvolver-se alterações tróficas da pele, como o eczema ou alipodermatoesclerose. Trata-se de uma pele que perdeu as suas propriedades, tornou-se mais frágil e, ao mínimo trauma, pode dar origem a feridas de difícil cicatrização, as úlceras venosas.

O sedentarismo representa um dos factores de risco de maior relevância para a manifestação da doença. Um dos mecanismos fundamentais para ajudar no retorno venoso é a bomba muscular, isto é, a compressão e impulso do sangue no interior das veias aquando da contracção dos músculos da barriga da perna. Ora, a ausência de actividade física e a permanência de longos períodos sentado ou em pé conduz a um aumento da retenção de líquidos no interior das veias mais inferiores e a um desenvolvimento de sintomas como dor, calor, cansaço, peso, comichão e inchaço. As veias ficam mais dilatadas e surgem as varizes. Esta estase venosa aumenta também o risco de desenvolvimento de tromboses venosas.

Durante estes 18 meses de pandemia, com as restrições à circulação de pessoas e necessidade de desempenho da actividade profissional em teletrabalho, assistimos, na nossa prática clínica, a um incremento significativo das manifestações da doença e procura de ajuda especializada.

Perante sinais de alerta, procurar ajuda médica é fundamental pois existem tratamentos de primeira linha no tratamento de varizes, com recurso a técnicas minimamente invasivas, que permitem retomar rapidamente a vida habitual e voltar a desfrutar das actividades de lazer que a actual situação pandémica já nos permite.

Em particular, a termoablação por radiofrequência/laser constitui a técnica de primeira linha utilizada para tratar as veias de maior calibre, tipicamente as veias safenas. Sob controlo ecográfico, procede-se à introdução de um cateter no interior da veia, cuja extremidade irá emitir uma onda de calor (energia por radiofrequência ou laser) que aquece e danifica a parede da veia.

Isto conduz à retracção, oclusão e posterior absorção da veia pelo corpo. As veias doentes desaparecem e o sangue passa a circular pelas veias saudáveis. Este tratamento permite uma recuperação mais rápida, menos dolorosa, com melhores resultados estéticos e maior satisfação dos doentes.

De facto, o tratamento actual das varizes é relativamente simples e permite-nos ter óptimos resultados. Contudo, não devemos nunca perder o foco da importância da sua prevenção. Entre as diversas medidas, uma alimentação equilibrada acompanhada de uma boa hidratação e a prática de actividade física frequente, ajudam a melhorar a circulação sanguínea, essencial para o bom funcionamento do corpo. E lembre-se, se já estiver na presença de varizes, deve procurar orientações junto de um médico especialista de forma a evitar possíveis complicações.

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