Arquivo municipal do Arco do Cego encerrou

Espólio será transferido para o pólo do arquivo que se localiza no Bairro da Liberdade, em Campolide. Deverá ficar disponível ao público em Janeiro do próximo ano.

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Miguel Manso/Arquivo

O pólo do Arquivo Municipal de Lisboa, que se situa no Bairro do Arco do Cego, estará encerrado a partir do mês de Outubro. Numa nota publicada no seu site, o arquivo informa que o acervo documental terá de seguir para outras instalações para “libertar o edifício para outro tipo de ocupação municipal”, sendo que voltará a ficar disponível a partir de Janeiro de 2022, nas instalações do pólo do Bairro da Liberdade, em Campolide.

O Arquivo Municipal de Lisboa estava, até agora, dividido por quatro núcleos: o histórico está no Bairro da Liberdade, o fotográfico na Rua da Palma, a videoteca no Largo do Calvário e o intermédio no Arco do Cego. Era ali que se encontrava documentação posterior a 1834 e do Notariado Municipal num edifício que, inicialmente, fora construído para fins habitacionais, mas que acabaria por ser adaptado a depósito/arquivo durante as décadas de 30, 40 e 50 do século XX, “no âmbito da competência que a Secretaria Geral da Câmara Municipal de Lisboa tinha, desde 1919, de gerir o Arquivo Administrativo”, explica a mesma nota.

“Sem nunca descurar a obrigação em dar apoio aos serviços autárquicos para a gestão camarária da cidade, quando solicitado, por aquela documentação passar a ser importante para os estudos científico e académico da urbanidade de Lisboa, este Arquivo do Arco do Cego, há muito assim designado, passou a ser considerado um importante centro de investigação”, refere ainda a nota. Que faz ainda questão de deixar uma palavra de reconhecimento a todos que por lá passaram: “Porque este arquivo foi formado não só pela documentação, mas, também, por pessoas, um reconhecimento às muitas que lá trabalharam e às que o frequentaram, como leitores/investigadores.”

Este espólio será transferido para instalações, cujas más condições têm sido denunciadas pelos trabalhadores. Há muito que os trabalhadores do arquivo e da hemeroteca municipal se queixam das condições dos espaços que guardam séculos de informação e parte da memória da cidade e da sua população. As queixas ouvem-se há anos, assim como as promessas, mas estes serviços continuam nos mesmos espaços — que seriam, em ambos os casos, soluções provisórias que se foram tornando permanentes. No caso das instalações do Bairro da Liberdade, os trabalhadores manifestaram-se já para alertar para as más condições do espaço, onde dizem haver infiltrações, degradação de documentos e problemas de segurança. 

Em Fevereiro, o PÚBLICO dava conta de uma resposta dada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, a um requerimento do grupo municipal do Partido Ecologista Os Verdes. Nela se lia estarem “em curso negociações com o Governo central com vista à futura localização dos serviços da Hemeroteca, bem como do Arquivo Municipal, nos edifícios do Convento de Chelas”, concentrando todos no mesmo local. Com a mudança no executivo, resta saber quais serão os planos para estes espólios. 

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