A farmacêutica Pfizer anunciou na segunda-feira que começou os ensaios clínicos em humanos para avaliar uma vacina contra a gripe utilizando ARN mensageiro, uma tecnologia já utilizada na vacina contra a covid-19.

A empresa de biotecnologia norte-americana Moderna também anunciou ter começado testes no início de Julho.

O ensaio clínico da Pfizer está a decorrer nos Estados Unidos e vai avaliar a segurança de uma dose dessa nova vacina e a sua capacidade de provocar uma reacção imunitária em pessoas saudáveis que tenham entre 65 e 85 anos.

Segundo os dados publicados num site governamental norte-americano, os testes envolvem centenas de participantes.

As actuais vacinas utilizam vírus inactivados, um processo de produção mais demorado. A eficácia das vacinas usadas neste momento é de 40% a 60%.

Segundo a Pfizer, “a flexibilidade da tecnologia de ARN mensageiro e a sua produção rápida” podem facilitar o fornecimento e a eficácia das vacinas contra a gripe.

A Organização Mundial de Saúde considera que a gripe é responsável por três a cinco milhões de casos de doença grave por ano, causando entre 290.000 e 650.000 mortes.

A Pfizer prevê ainda estudar a utilização da tecnologia ARN mensageiro para combater outros vírus respiratórios e contra doenças genéticas e cancros.

Sanofi pára desenvolvimento de vacina de ARN mensageiro

Já a farmacêutica francesa Sanofi anunciou esta segunda-feira que vai parar o desenvolvimento da sua vacina de ARN mensageiro contra a covid-19, por razões comerciais.

Apesar dos resultados positivos dos ensaios da fase 1-2 da sua vacina, a Sanofi acredita que seria demasiado tarde para chegar ao mercado - até ao final do ano já terão sido produzidas mais de 12 mil milhões de doses de vacina contra a covid-19.

A Sanofi estava a trabalhar com a Translate Bio nesta vacina desde Março de 2020, e até comprou a empresa norte-americana de biotecnologia no início de Agosto por cerca de 2,7 mil milhões de euros.

Contudo, “a necessidade não é de criar novas vacinas ARN contra a covid-19, mas de equipar a França e a Europa com um arsenal de vacinas de ARN mensageiro para uma futura pandemia, para novas doenças”, diz Thomas Triomphe.

Como resultado, a Sanofi não passará à fase 3 de desenvolvimento para esta vacina, uma vez que “não há necessidade de outra vacina de ARN mensageiro”.

No entanto, a Sanofi diz querer desenvolver vacinas com esta tecnologia contra outros vírus, sem efeitos secundários e com menos restrições em termos de temperatura de armazenamento.

O grupo já lançou ensaios iniciais para uma vacina monovalente — com uma única estirpe de vírus — contra a gripe sazonal e anunciou que iria lançar ensaios clínicos no próximo ano contra a gripe, desta vez com uma vacina quadrivalente.