Transporte de rinocerontes de cabeça para baixo vence prémio IgNobel

Trabalhos que sugerem que orgasmos podem ser eficazes como a “medicação” para limpar narizes entupidos ou que desvendaram quais as bactérias que residem em pastilhas deixadas em pavimentos de ruas de vários países são alguns dos vencedores dos mais divertidos prémios científicos, os IgNobel.

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Cientistas dos EUA, Namíbia e África do Sul concluíram que é mais seguro transportar rinocerontes de cabeça para baixo DR

Estudos que sugerem que é mais seguro transportar rinocerontes de cabeça para baixo e que as barbas podem ter sido um desenvolvimento evolutivo para ajudar a proteger a cara dos homens de golpes são alguns dos vencedores dos prémios IgNobel de 2021. 

Os prémios IgNobel homenageiam descobertas incomuns na ciência e o grande objectivo é fazer o público rir e reflectir sobre essas conquistas. Estes prémios são apresentados por laureados dos prémios Nobel e são, normalmente, distribuídos numa cerimónia no Sanders Theatre da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Este é o segundo ano que a cerimónia foi online.

Este ano, cada vencedor recebeu um troféu de papel e uma nota falsa de dez biliões de dólares zimbabuenses – uma distinção em linha com a natureza satírica do prémio. Na cerimónia online, que decorreu esta quinta-feira, um coro animou o intervalo entre as distinções.

A lista dos IgNobel ainda é extensa, mas alguns dos premiados dão bem nas vistas. Na categoria de Transportes, o grande vencedor foi um estudo de cientistas dos Estados Unidos, da Namíbia e da África do Sul que concluiu que os rinocerontes são transportados de forma mais segura de cabeça para baixo.

“Algo que adoro na investigação veterinária da vida selvagem é que temos de pensar de forma muito ágil e fora da caixa”, afirmou na cerimónia Robin Radcliffe, investigador na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e um dos autores do trabalho sobre os rinocerontes. “Tem de se ser um génio, criativo e, por vezes, até um pouco doido para transportar os rinocerontes desta forma.”

Na categoria de Paz, a investigação vencedora mostrou que os homens podem ter começado a deixar crescer as barbas para ajudar a proteger a cara do impacto dos golpes. 

De orgasmos eficazes como medicação à corrupção em políticos obesos

Na categoria de Biologia, Susanne Schotz (do Centro para a Linguagem e a Literatura, na Suécia) foi distinguida por um trabalho sobre as variações no ronronar, tagarelar, murmurar, miar, gemer, ranger, uivar, rosnar ou outras formas de comunicação entre humanos e gatos. Já na categoria de Ecologia, o prémio foi para um grupo de cientistas que estudou quais as espécies de bactérias que habitam pastilhas encontradas em pavimentos pelo mundo fora. A categoria de Medicina foi para uma investigação que demonstrou que os orgasmos podem ser eficazes como “medicação” (neste caso, descongestionantes) para limpar narizes entupidos.

O prémio da Química foi para a equipa de Jörg Wicker (do Instituto Max Planck para a Química, na Alemanha) pela análise química ao ar dentro de salas de cinema e por ter testado se os odores produzidos pela audiência indicavam de forma fidedigna quais eram os níveis de violência, sexo, comportamento anti-social ou uso de drogas no filme que estava a ser visto.

Pavlo Blavatskyy (da Escola Empresarial de Montpellier, em França) venceu na categoria de Economia por sugerir que a obesidade de políticos pode ser um bom indicador da corrupção de um país. O prémio de Entomologia foi para o grupo de John Mulrennan Jr. (da Estação Aérea Naval, na Florida) pela investigação denominada “Um Novo Método de Controlar Baratas nos Submarinos”.

Por um lado, Alessandro Corbetta (da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, nos Países Baixos) recebeu uma distinção na categoria de Física por ter feito experiências para se saber porque é que os pedestres não colidem constantemente uns com os outros. Por outro, a equipa de Hisashi Murakami (da Universidade de Tóquio, no Japão) venceu na categoria de Cinética por ter feito experiências para saber porque é que as pessoas colidem, às vezes, umas com as outras quando estão a andar.

Marc Abrahams, o mestre-de-cerimónias e editor da revista Annals of Improbable Research (que organiza o evento), teve direito à última palavra na cerimónia: “Se não recebeu um IgNobel este ano, e sobretudo se ganhou algum, espero que tenha mais sorte para o ano”, disse de forma irónica.

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