Há menos 8712 quilómetros quadrados de árvores na Amazónia

Apesar de ter havido uma queda de 5,4% face ao período idêntico de 2020, este é o segundo pior número dos últimos cinco anos. Greenpeace diz que os alertas de destruição na Amazónia “permanecem em níveis inaceitáveis”.

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O Brasil registou alertas de desflorestação em 8.712 quilómetros quadrados na Amazónia, entre Agosto de 2020 e Julho de 2021, uma queda de 5,4% face a idêntico período de 2020, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os dados obtidos pelo INPE com imagens de satélite mostram que foi o segundo pior resultado dos últimos cinco anos.

A medição da desflorestação da Amazónia no Brasil considera sempre a temporada entre Agosto de um ano e Julho do ano seguinte, por causa das variações do clima e dos períodos de seca e de cheia. Segundo o INPE, os alertas de desflorestação não são números finais, mas indicam uma tendência e servem para informar os gestores ambientais sobre onde concentrar seus esforços na luta pela protecção do bioma.

Somente em Julho, os alertas de desflorestação atingiram 1.416 quilómetros quadrados, 14,5% a menos que no mesmo mês do ano anterior. Apesar da queda anual e mensal, a organização ambientalista Greenpeace destacou que os alertas de destruição na Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, “permanecem em níveis inaceitáveis”.

O Governo brasileiro havia fixado a meta de reduzir a desflorestação anual em cerca de 10%, mas o vice-presidente do país, Hamilton Mourão, chefe do Conselho da Amazónia Legal, anunciou na segunda-feira que a redução da exploração madeireira ficaria entre 4% e 5%, apesar da presença da Forças Armadas da região.

O número alarmante é atribuído pelas organizações não-governamentais às omissões do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, defensor da exploração dos recursos naturais da Amazónia, inclusive em reservas indígenas, e que abrandou o controlo das actividades que ameaçam o meio ambiente como a mineração e o comércio de madeira, praticados principalmente de forma ilegal.

“Os órgãos ambientais continuam enfraquecidos, enquanto o Congresso actua como aliado do Governo no desmatamento ambiental, discutindo e aprovando mudanças danosas na legislação”, disse a Greenpeace em nota. A Câmara dos Deputados aprovou esta semana um projecto de lei que flexibiliza a regularização e posse de terras públicas ocupadas ilegalmente.

A iniciativa ainda não foi debatida no Senado, mas, na opinião da Greenpeace, “vai estimular o desflorestamento de áreas extremamente estratégicas para enfrentar a crise climática e vai contribuir activamente para o colapso da Amazónia”.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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