Londres e Bruxelas divergem sobre propostas britânicas para a Irlanda do Norte

Boris Johnson pediu à Comissão Europeia para analisar as propostas britânicas de alteração ao Protocolo da Irlanda, mas Ursula von der Leyen reiterou a posição europeia: “Não vamos renegociar”.

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Boris Johnson, aqui com o principal negociador britânico, David Frost, assinou o acordo do "Brexit" a 30 de Dezembro de 2020 Reuters

 O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu esta quinta-feira à presidente da Comissão Europeia que analise as propostas de alteração ao acordo do “Brexit” para a Irlanda do Norte, mas Ursula von der Leyen reiterou estar indisponível para renegociar. 

O Governo britânico publicou na quarta-feira um documento que sugere “alterações significativas” ao Protocolo da Irlanda do Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia, nomeadamente a eliminação de controlos e documentação sobre certos produtos e o fim da jurisdição do Tribunal de Justiça da UE.

O primeiro-ministro britânico explicou que a forma como o Protocolo está a operar actualmente é “insustentável” e que “não foi possível encontrar soluções através dos mecanismos existentes do Protocolo”, adiantou um porta-voz de Downing Street. 

Boris Johnson exortou a UE a “analisar estas propostas de forma séria e a trabalhar nelas com o Reino Unido”, alegando que é possível encontrar “soluções razoáveis e práticas” para os problemas de circulação e abastecimento de mercadorias, sobretudo de origem animal e vegetal. 

Porém, a presidente da Comissão Europeia reiterou a resposta, que já tinha sido dada na véspera, que a UE não vai renegociar o texto que entrou em vigor em Janeiro. 

"A UE continuará a ser criativa e flexível no âmbito do protocolo. Mas não vamos renegociar”, afirmou Ursula von der Leyen na rede social Twitter, argumentando que é preciso dar “estabilidade e previsibilidade à Irlanda do Norte”.

O Protocolo da Irlanda, que faz parte do Acordo do “Brexit” concluído em 2019, foi desenhado para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda, respeitando o compromisso de “fronteira aberta” previsto nos acordos de paz de 1998. 

No entanto, criou a uma “fronteira” no Mar da Irlanda porque a Irlanda do Norte continua a seguir as regras da UE, em particular para produtos alimentares de origem animal e plantas. 

Londres responsabiliza a UE por estar a exigir controlos excessivos nos produtos enviados do resto do Reino Unido para a Irlanda do Norte, o que afectou a chegada de bens à província.

A situação está a criar tensões na região, que durante três décadas foi assombrada por um conflito sectário entre unionistas, favoráveis à permanência sob a coroa britânica, e republicanos, que querem a reunificação com a Irlanda. 

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