Câmara de Lisboa quer que Governo ceda Palácio Valadares à Escola de Dança do Conservatório Nacional

Alunos da Escola de Dança do Conservatório estão há três anos a ter aulas em diferentes edifícios com más condições, enquanto aguardam pelo fim das obras no Convento dos Caetanos. Executivo aprovou uma moção, na qual insta o Governo a ceder o Palácio Valadares aos futuros bailarinos.

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Daniel Rocha

Foi a primeira casa da Universidade de Lisboa, ainda no século XIII. Depois, albergou o Liceu Nacional do Carmo e, depois, o Liceu Feminino D. Maria Amália Vaz de Carvalho. De 1941 a 1996 funcionou como Escola Secundária Veiga Beirão e como Escola EB 2/3 Fernão Lopes até 2004. No Largo do Carmo, o Palácio Valadares está vazio à espera de novo futuro e, quem sabe, com estudantes. A Câmara de Lisboa sugere que ali possa ser instalada a Escola de Dança do Conservatório Nacional.

Na reunião do executivo desta quarta-feira, os vereadores da Educação, Manuel Grilo, e das Finanças, João Paulo Saraiva, apresentaram uma moção em que instam o Governo a ceder este edifício à Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, devolvendo assim estas instalações “à sua missão educativa” e “condições de aprendizagem dignas” à comunidade escolar.

Os alunos de Dança do Conservatório estão há três anos a ter aulas em quatro edifícios com más condições, enquanto aguardam pelo fim das obras no Convento dos Caetanos, que se arrastam desde então. 

Apesar de não ser a sede da Escola de Dança, era no histórico edifício do Bairro Alto, essencialmente dedicado ao ensino da Música, que decorriam grande parte das aulas práticas e teóricas e onde os alunos tinham o seu refeitório, lavandaria e guarda-roupa. Desde então, os cerca de 160 futuros bailarinos têm tido aulas em locais exíguos, onde nem banho conseguem tomar e que obrigam a deslocações constantes de autocarro, privando-os das suas horas de almoço. 

No texto da moção, que foi aprovada por unanimidade, os vereadores sublinham que a empresa Parque Escolar “fez uma obra de requalificação em 2009 no Palácio Valadares que abrangeu a cobertura do edifício, as acessibilidades e algumas infra-estruturas, tais como a electricidade”. Essa obra, notam, foi feita para que o edifício acolhesse a exposição do Centenário da República – Exposição Ensino, entre 17 de Fevereiro e 30 de Junho de 2011. Desde então, o edifício está vazio, propondo por isso que os futuros bailarinos se instalem ali.

Há duas semanas, o PÚBLICO noticiou que, depois de a associação de pais ter feito alguns contactos em busca de alternativas para os alunos, a direcção da Escola de Dança e a Câmara de Oeiras tinham reunido para perceber se seria possível instalar a escola numa quinta devoluta na zona da Cruz Quebrada.

O município confirmou então que tinha havido “contactos exploratórios informais, por enquanto sem qualquer consequência”. Mas assumiu que “no âmbito das negociações da Câmara Municipal de Oeiras com a Faculdade de Motricidade Humana e a Direcção-Geral do Tesouro” seria possível instalar uma Escola de Dança na degradada Quinta da Graça. 

No programa de empreitadas e programação cultural com o qual Oeiras quer ser Capital Europeia da Cultura 2027, este espaço está reservado para um projecto dedicado à dança. Se será para os futuros bailarinos do Conservatório Nacional ainda não se sabe. Na altura, o PÚBLICO questionou também o Ministério da Educação sobre esta solução proposta por Oeiras, mas não obteve resposta. 

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