Fóssil revela ave gigante que conviveu com os últimos dinossauros na Europa

O fóssil é uma vértebra cervical pertencente a uma ave muito grande, semelhante em tamanho a um casuar (entre 1,5 e 1,8 metros de altura), e que teria um pescoço longo e flexível.

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Imagem da vértebra quando foi encontrada José Manuel Gasca

Um fóssil estudado por uma equipa que inclui investigadores da Universidade Nova de Lisboa (UNL) revelou a existência de uma ave gigante que conviveu com os últimos dinossauros na Europa, no final do período Cretácico, anunciou esta quarta-feira a UNL em comunicado.

A universidade adianta no comunicado que o estudo sobre o fóssil, encontrado em 2009 nos Pirenéus espanhóis, na região de Huesca, vem reforçar a importância daquela região para o estudo da biodiversidade da era associada à extinção dos dinossauros. O fóssil foi a primeira descoberta de um vestígio de ave gigante datado deste período.

A investigação foi desenvolvida por um grupo internacional liderado por membros da Universidade de Zaragoza, em Espanha, em colaboração com os paleontólogos Miguel Moreno Azanza e Eduardo Puértolas Pascual da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL, de universidades das Ilhas Canárias e da Argentina, e foi publicada na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology.

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Uma vértebra cervical de uma avestruz actual (à esquerda) e a vértebra da ave deste novo estudo Manuel Pérez Pueyo

O fóssil é uma vértebra cervical pertencente a uma ave muito grande, semelhante em tamanho a um casuar (entre 1,5 e 1,8 metros de altura), e que teria um pescoço longo e flexível e foi comparado com vértebras de dinossauros terópodes e pássaros actuais e extintos de todo o mundo. Os investigadores realizaram uma microtomografia axial computadorizada (micro TAC) da vértebra para estudar sua estrutura interna, o que permitiu observar uma estrutura oca com múltiplas cavidades e câmaras, típica de um sistema respiratório de sacos aéreos semelhante ao das aves modernas.

“Foi encontrado em 2009 nos afloramentos de rochas sedimentares continentais da formação Tremp em Beranuy, na área da Ribagorza. A datação desta área situa essas rochas nos últimos 250.000 anos do Cretácico, temporariamente muito próximas do limite Cretácico/Paleogénico e da extinção dos dinossauros”, de acordo com o comunicado emitido pela equipa em Portugal. Segundo os investigadores, “trata-se de um achado relevante para a paleontologia de vertebrados europeus. Embora a presença de aves de grande porte fosse conhecida no Cretácico da Europa, nunca havia sido registada uma tão perto do limite Cretácico/Paleogénico”.

“Esta vértebra, portanto, é a prova mais moderna de um pássaro mesozóico na Europa, e mostra que pássaros grandes coexistiram com outros dinossauros pouco antes da sua extinção. Isso pressupõe que as comunidades animais continentais no final do Cretácico na Península Ibérica eram mais diversificadas do que se conhecia anteriormente. Futuras descobertas ajudarão a desvendar o papel que esse animal desempenhou nesses ecossistemas e suas relações de parentesco com outras aves”, defendem os investigadores.

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