Rússia retira militares da fronteira com a Ucrânia

O envio de perto de cem mil soldados para regiões próximas da fronteira ucraniana aprofundou a tensão entre Moscovo e Washington nas últimas semanas.

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Foram enviados cem mil soldados russos para regiões na fronteira com a Ucrânia Reuters

A Rússia anunciou a retirada dos contingentes militares que enviou para a Crimeia e para as regiões próximas da fronteira com a Ucrânia. A acumulação de tropas russas perto da Ucrânia tinha sido encarada como uma medida hostil e foi responsável pela subida da tensão entre Moscovo e o Ocidente.

O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Serguei Shoigu, que se deslocou à Crimeia para anunciar a desmobilização das forças militares russas a partir já desta sexta-feira. “Acredito que os objectivos da inspecção de surpresa foram totalmente alcançados. As tropas mostraram a capacidade para defender solidamente o país”, declarou o ministro, citado pela agência Interfax.

A presença de um contingente militar pouco habitual na fronteira com a Ucrânia fez soar os alarmes nas últimas semanas. As movimentações coincidiram com o recrudescimento dos confrontos no Leste da Ucrânia, onde o Exército continua a combater uma insurgência separatista apoiada por Moscovo, que ocupa desde 2014 uma grande parte do território ucraniano.

A Rússia enviou perto de cem mil soldados para a Crimeia e para um novo campo de treino na região de Voronezh, na fronteira com a Ucrânia, bem como centenas de peças de artilharia, tanques e outros veículos. Foram também mobilizados navios e caças que participaram num exercício na Crimeia em que foi simulada uma invasão anfíbia, diz o Guardian.

Apesar da retirada das tropas, vão ser deixadas para trás algumas peças de artilharia pesada, como lança-mísseis, o que deixa a posição militar russa reforçada no seu flanco ocidental.

Os receios de uma possível ofensiva russa na Ucrânia motivaram uma resposta dura por parte do Presidente dos EUA, Joe Biden, que disse estar comprometido com a defesa da soberania e integridade territorial ucraniana. Biden falou directamente com o Presidente russo, Vladimir Putin, a quem propôs uma cimeira para os próximos meses.

Apesar dos receios, a maioria dos analistas duvidava da intenção da Rússia de lançar uma ofensiva aberta sobre a Ucrânia. A interpretação generalizada é de que Putin quis exibir a capacidade militar russa à nova Administração norte-americana, eleita com a promessa de adoptar uma postura mais dura face a Moscovo.

A guerra na Ucrânia tornou-se num dos principais pontos do confronto entre os EUA e a Rússia, que atravessam o período mais conturbado nas suas relações desde o final da Guerra Fria. Washington e os seus aliados da NATO acusam Moscovo de alimentar o conflito, apoiando e financiando as milícias separatistas que ocupam parte do Donbass, embora o Kremlin rejeite essas acusações.

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