Entregas de colmeias mantêm os nova-iorquinos a zumbir nos telhados e nos quintais

Os químicos e os pesticidas afastaram as abelhas das zonas rurais. Agora, a apicultura faz-se na cidade de Nova Iorque, nos telhados dos arranha-céus.

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A agitada cidade de Nova Iorque pode não parecer um sítio amigável para abelhas, mas os seus altos telhados e pequenos jardins estão a zumbir com produtores de mel ameaçados por pesticidas nas zonas rurais.

Cerca de 2,4 milhões de abelhas italianas esperaram numa carrinha branca para serem levadas para as suas novas casas no início da última sexta-feira. Estava estacionada perto do edifício Dakota, junto do Central Park, onde a viúva de John Lennon, Yoko Ono, vive desde 1973.

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“Este é o primeiro ano em que fazemos isto fora do edifício Dakota”, disse Andrew Coté, presidente da Associação de Apicultores da Cidade de Nova Iorque. “Ouvimos dizer que a Yoko gosta de mel.”

Coté, que fundou a Andrew's Honey, viajou de carro desde a Geórgia para entregar as abelhas. A carrinha continha 200 caixas de madeira e tela, cada uma com cerca de 12 mil abelhas. Um fluxo constante de apicultores fez fila para recolher as caixas com cerca de 1,3 quilogramas, que custaram 159 dólares (perto de 133 euros) ou 205 dólares (172 euros), dependendo de quando foi feita a encomenda. “As abelhas são vendidas a peso, como o queijo”, revelou.

Alguns compradores colocaram as embalagens em sacos, enquanto Ray Sage prendeu duas caixas de abelhas à sua bicicleta para ir até à sua colmeia no Lower East Side. “Tenho de andar muito devagar e com cuidado. Às vezes penso nisso como se estivesse a treinar para ser dinamarquês e nunca me torno dinamarquês”, disse.

O número de apicultores urbanos tem crescido rapidamente, com muitas colmeias nos telhados dos arranha-céus e nos edifícios de escritórios, disse Cote. Nova Iorque legalizou a apicultura em 2010 e tem centenas de colmeias registadas, de acordo com o Departamento de Saúde.

As populações de abelhas estão em declínio acentuado em todo o mundo, em parte devido ao excesso de pesticidas e químicos nas zonas rurais, e também à falta de variedade de culturas.

Nova Iorque não tem este problema, tornando-se um habitat saudável de abelhas, afirmou Alan Markowitz, um residente do Bronx que é apicultor no Jardim Comunitário La Finca del Sur, dirigido por mulheres não-caucasianas.

“Um terço do que pões na tua boca precisa de um polinizador. E na cidade, acredites ou não, as abelhas dão-se bem porque geralmente há menos pesticidas”, disse o antigo agricultor. “Ter muita variedade é maravilhoso para as abelhas.”

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