CDU apoia Laschet para candidato a chanceler da Alemanha, CSU apoia Söder

Só pode haver um candidato da União a chanceler. Os dois partidos-gémeos prometem decisão para breve.

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Armin Laschet e Markus Söder: um deles será o candidato conservador às eleições de Setembro CLEMENS BILAN/EPA

O líder da União Democrata-Cristã (CDU), Armin Laschet, recebeu o apoio da comissão nacional do partido (Präsidium) para ser o candidato a chanceler do partido na manhã desta segunda-feira. À tarde, a União Social-Cristã (CSU), o partido-gémeo​ da CDU na Baviera, indicou que o seu candidato preferido é Markus Söder. Como vai ser escolhido? Ainda não foi decidido.

“Há uma necessidade de discussão” sobre a candidatura a chanceler, declarou em conferência de imprensa Markus Söder, o ministro-presidente da Baviera, que na véspera se declarara finalmente – após meses de especulação – disposto a ser candidato. A discussão deveria ser levada com calma nos próximos dias, declarou. Já Armin Laschet, ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestefália, sublinhara, antes, a necessidade de decidir com rapidez.

“Só há uma questão – se os eleitores e eleitoras se sentem bem com esta escolha”, disse Söder, jogando com o facto de ser o mais popular nas sondagens (uma sondagem do YouGov no jornal Handelsblatt dá uma preferência de 12% a Laschet e 46% a Söder). Antes, a CDU tinha sublinhado que Laschet era o melhor candidato independentemente das sondagens, pela sua capacidade de representar várias sensibilidades dentro do partido.

Mas a menor popularidade de Laschet pode fazer com que muitos deputados da União tenham medo de perder o lugar por sua causa – o grupo parlamentar reúne-se esta terça-feira. O líder do grupo parlamentar da CSU, Thomas Kreuzer, sugeriu que fosse “a base do partido” a escolher quem será o candidato. Vários analistas notaram que Söder tinha afirmado na véspera só avançar com a candidatura se a CDU também o apoiasse; agora, o argumento da CSU é que várias delegações regionais da CDU apoiariam o candidato da Baviera.

O momento é de grande pressão para que os conservadores decidam quem poderá suceder a Angela Merkel, e isto acontece numa altura em que a CDU-CSU atravessa, apesar de ser o maior partido, um momento baixo nas sondagens – 27% das intenções de voto, segundo o mais recente inquérito do Instituto Forsa, com os Verdes a obterem 23%, o Partido Social Democrata (SPD) 15%, o Partido Liberal Democrata (FDP) e a Alternativa para a Alemanha ambos estão em 10%, e Die Linke (A Esquerda) 7%.

A baixa de popularidade dos conservadores deve-se especialmente à lentidão na campanha de vacinação contra a covid-19 e ao que muitos vêem como incapacidade de impor medidas de contenção da pandemia. Nas sondagens, a maioria dos inquiridos quer medidas mais restritivas do que as actualmente em vigor. Angela Merkel anunciou a ideia de um confinamento curto e consistente.

A CDU (União Democrata-Cristã) e a CSU (União Social-Cristã) têm uma relação estreita, mas são entidades separadas. Depois do final da II Guerra Mundial, a CDU juntou vários partidos em vários estados, mas a CSU ficou de fora. Os dois partidos que formam a União têm um entendimento único em que nenhum concorre, ou faz campanha, no território do outro: a CDU em todos os estados federados excepto na Baviera, a CSU apenas na Baviera.

Os dois partidos enfrentaram uma crise em 2018, com o líder da CSU, Horst Seehofer, a desafiar abertamente a chanceler, Angela Merkel, por causa de medidas na fronteira para impedir passagem de requerentes de asilo.

Até hoje, houve duas candidaturas bávaras à chancelaria. A primeira foi a do histórico líder do partido Franz Josef Strauss (chefiou a CSU de 1961 e 1988), que concorreu em 1980, perdendo para o social-democrata Helmut Schmidt, que foi reeleito. A situação repetiu-se com o segundo e último candidato da CSU, Edmund Stoiber, que em 2002 não conseguiu bater o chanceler da altura, Gerhard Schröder.

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