Uma crise alemã é uma crise europeia

Pela primeira vez em 16 anos, o cenário do afastamento da CDU do poder federal ganha credibilidade. Seria uma profunda mudança.

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1. Na primeira vaga da pandemia, na Primavera passada, a Alemanha comportou-se bastante melhor do que a maioria dos seus grandes parceiros europeus. Menos casos, menos óbitos, menos pressão sobre os hospitais e, sobretudo, a liderança serena da chanceler, cuja popularidade atingiu os píncaros. A Alemanha era o modelo. Na segunda vaga, a pressão sobre os hospitais aumentou, a controvérsia sobre o confinamento instalou-se, a grande coligação abriu algumas fissuras, mas, de um modo geral, a Alemanha e a sua líder foram resistindo. Mais do que isso, Berlim, depois de uma resposta inicial em que quase caiu na armadilha do “cada um por si”, percebeu que a resposta europeia – sanitária e económica – tinha de ser solidária, sob pena de poder ferir mortalmente a própria União. Merkel classificou a crise pandémica como a mais grave crise que a Europa enfrentava desde a II Guerra. Com o fim do reinado da chanceler à vista, o processo de transição na liderança da CDU acabou por correr sem grandes sobressaltos. Venceu, ainda que por uma pequena margem, Armin Laschet, ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestefália, o candidato à sucessão que melhor representava a continuidade política – um espírito aberto e pró-europeu que tranquilizava os coabitantes da “casa comum” europeia.

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