Capitão da Marinha italiana preso quando tentava vender documentos a espião russo

Governo italiano considera o caso “muito grave” e expulsou dois diplomatas da embaixada russa em Roma. Em causa podem estar comunicações da NATO.

Foto
Este mês, Biden referiu-se ao Presidente russo, Vladimir Putin, como um “assassino” MIKHAIL KLIMENTYEV/EPA

Um oficial da Marinha italiana foi preso em flagrante quando estava prestes a vender informações confidenciais a um espião russo em Roma na terça-feira à noite.

Segundo a polícia, o cidadão russo foi identificado como um militar destacado para a embaixada russa em Roma que será expulso do país. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio, considerou o episódio “muito grave”, mas disse esperar que “a natureza muito positiva e construtiva das relações russo-italianas continuem”. Também foi dada ordem de expulsão a outro funcionário da embaixada.

O embaixador russo em Roma, Serguei Razov, foi chamado pelo Governo italiano para prestar esclarecimentos sobre o caso. O Kremlin confirmou o incidente que envolveu um representante militar da embaixada, mas rejeitou fornecer mais informações. O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo lamentou as expulsões e disse pretender responder de forma idêntica.

Os dois homens foram detidos na terça-feira à noite numa operação especial da polícia italiana, os carabinieri, supervisionada pela Agência de Informação e Segurança Interna, diz o El País. A polícia diz ter interrompido “um encontro clandestino” num parque de estacionamento, durante o qual o oficial da Marinha italiana, identificado como capitão de fragata, entregou um documento ao seu interlocutor que lhe pagou cinco mil euros em dinheiro.

Não foram dados mais pormenores, mas o jornal Corriere della Sera avança que as buscas feitas ao apartamento do oficial da Marinha indicam que possa ter passado informações confidenciais da Aliança Atlântica ao espião russo. A agência noticiosa Ansa diz que se tratavam de comunicações militares.

A confirmar-se, o caso ganha contornos ainda mais graves, ao haver a possibilidade de estarem envolvidos segredos militares que podem pôr em causa a segurança de outros Estados-membros da Aliança Atlântica.

O caso também reflecte o grande clima de desconfiança entre a Rússia e a NATO, aprofundado desde 2014 com a anexação da Crimeia por Moscovo. Desde então, multiplicam-se os incidentes diplomáticos e militares entre os dois blocos, que se acusam mutuamente de provocações.

Ao contrário do seu antecessor, o novo Presidente dos EUA, Joe Biden, fez uma das suas prioridades o reforço dos laços com os aliados militares europeus de Washington, o que deixa antever um aumento da tensão entre a NATO e a Rússia. Este mês, Biden referiu-se ao Presidente russo, Vladimir Putin, como um “assassino”.

O caso também expõe a Itália como um “calcanhar de Aquiles” da NATO face à Rússia. Em 2019, um cidadão italiano e um russo foram presos quando estavam a planear o roubo de segredos comerciais de uma empresa de aviação norte-americana, lembra a BBC. Há também investigações em curso para apurar se o partido Liga, de extrema-direita, recebeu financiamento ligado ao Kremlin.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários