Bolsonaro aprova reforço de cinco mil milhões de reais para o sistema de saúde

O Brasil atravessa o pior momento da pandemia e regista recordes sucessivos de mortes pela covid-19. Em Março, recebeu metade das vacinas previstas.

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A vacinação no Brasil decorre a um ritmo lento CARLA CARNIEL / Reuters

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, assinou uma medida executiva para desbloquear cerca de 5,3 mil milhões de reais (780 milhões de euros) para o combate à pandemia da covid-19, numa altura em que o número de mortes continua a subir diariamente. Na terça-feira registaram-se 3780 novas mortes, o número mais elevado de sempre.

O Brasil é actualmente o país onde mais se morre por causa da covid-19 em todo o mundo e representa um quarto dos óbitos a nível mundial. Ao mesmo tempo, o processo de vacinação segue a um ritmo lento por causa da falta de doses.

Bolsonaro tem sido condenado de forma geral pela sua gestão da pandemia, tanto por ter desvalorizado a gravidade da doença, como por criticar os esforços de aquisição de vacinas e por se ter oposto às medidas de distanciamento físico.

Os empréstimos aprovados pelo Presidente são destinados a reforçar o sistema de saúde brasileiro, disse o Ministério das Finanças. O objectivo é que seja canalizado para mais de 2600 clínicas de saúde e para aumentar a capacidade de internamento.

A pressão sobre o sistema hospitalar dá os primeiros sinais de alívio, embora se mantenha muito forte. Em 17 dos 26 estados, a taxa de ocupação das camas em unidades de cuidados intensivos está acima dos 80%, diz o El País Brasil.

Em São Paulo, a situação é extremamente crítica e o estado registou mais de 1200 mortes na terça-feira. Se fosse um país, o estado mais populoso do Brasil (com 45 milhões de habitantes) seria o 11.º do mundo com mais mortes desde o início da pandemia.

Há duas semanas que o governador João Doria intensificou as medidas de confinamento no estado, mas o alívio nos hospitais paulistas ainda é pouco assinalável.

Vacinação lenta

A esperança na vacinação mantém-se, apesar do ritmo lento. O Brasil contava receber 46 milhões de doses em Março, mas recebeu menos de metade. Apenas 7% da população foi imunizada com pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 desde o início do processo.

Na terça-feira, idosos no Rio de Janeiro aguardavam em longas filas para receberem a vacina contra a covid-19. “Depois de todo este sacrifício, com este sol, vamos ver se conseguimos, mas parece improvável, está tudo muito desorganizado”, dizia à Reuters a reformada Ira Salazar, que estava numa fila com mais de cem pessoas à sua frente.

O Brasil está a tentar adquirir mais doses e recentemente pediu aos EUA uma troca. O país sul-americano teria acesso a doses da vacina da Pfizer mais rapidamente e, em troca, iria entregar as doses que acabasse por receber mais tarde.

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o país está em “negociações avançadas” para a cooperação com os EUA nesta matéria, depois de uma reunião virtual com o principal responsável norte-americano pelo combate contra a covid-19, Anthony Fauci.

Na terça-feira, a Anvisa (o regulador brasileiro de medicamentos) concluiu que a vacina Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, não cumpre os requisitos de produção.

O Governo tinha assinado um contrato no mês passado para a aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin e no dia 8 de Março a Bharat Biotech tinha apresentado um pedido para o uso de emergência junto da Anvisa. O laboratório indiano e o parceiro brasileiro Precisa Medicamentos disseram que vão recorrer da decisão do regulador e vão apresentar provas de que estão a cumprir as exigências. O uso da Covaxin foi aprovado em cinco países, incluindo na Índia.