Rio lança Vladimiro Feliz para o Porto, mas sem “obrigação de ganhar”

Presidente do partido apresentou mais meia centena de candidatos e aproveitou para justificar a aposta em António Oliveira, frisando que ligação ao futebol não poder ser um estigma para a vida.

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Candidato à Câmara do Porto foi escolhido pelo presidente do PSD Nelson Garrido

Rui Rio anunciou esta terça-feira mais meia centena de candidatos autárquicos em que os nomes mais relevantes desta terceira vaga de anúncios foram os de Vladimiro Feliz, para a Câmara do Porto, de António Oliveira, para Vila Nova de Gaia, e de Ricardo Baptista Leite, para Sintra.

Com mais de duas centenas de candidatos divulgados, o presidente do PSD considera que a estratégia do partido para as eleições municipais está a “marcar a agenda” o que, disse, deixa “um conjunto de pessoas a engolir em seco”, sugerindo que é o PS que “está a marcar passo”.

“É o PSD que tem o processo autárquico mais adiantado e quem está a marcar o ritmo eleitoral de forma segura e rigorosa”, congratulou-se.

Na conferência de imprensa, no Porto, o líder do PSD garantiu que, antes de escolher o seu ex-vice-presidente na Câmara do Porto, ouviu muita gente e revelou que houve pessoas da estrutural local do PSD que preferiam o eurodeputado Paulo Rangel.

“Não vou mentir, nem todos escolheram, o mesmo nome”, assumiu, para logo acrescentar que Vladimiro Feliz é o seu candidato. “O meu candidato é, desde 2013, Vladimiro Feliz”, reiterou, sublinhando ser neste candidato que “confia”. “É um homem confiável, uma pessoa leal e que conhece bem a Câmara do Porto”. O reafirmar da confiança no seu ex-vereador, que tutelou os pelouros da Educação, Ambiente, Inovação e Turismo foi um remoque ao actual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, uma pessoa que, nas palavras de Rui Rio, “não é confiável”.

Assumindo toda a responsabilidade pela escolha do candidato e também pelo resultado no Porto, o ex-autarca, que tem afirmado que quer ganhar as eleições aqui, em Lisboa e noutras autarquias do país, surpreendeu esta terça-feira ao dizer que “o PSD não tem a obrigação de ganhar a Câmara do Porto, mas tem a obrigação de apresentar um excelente candidato”. E não poupou elogios ao seu ex-vereador, afirmando que “tem todas as capacidades para ser um excelente presidente”.

Vladimiro Cardoso Feliz tem 47 anos, nasceu no Porto e é licenciado em Engenharia Mecânica, opção de Gestão da Produção, pela Universidade do Porto. Entre 2012 e 2013, foi vice-presidente da câmara desta cidade, liderada na altura por Rui Rio.

Já sobre António Oliveira, que vai a votos a Gaia, os jornalistas quiseram saber se Rui Rio, que sempre separou águas entre o mundo da política e o do futebol, tinha deixado cair por terra essa máxima que marcou a sua passagem pela autarquia portuense. Mas o ex-autarca trazia a resposta bem ensaiada e rejeitou estar a entrar em contradição. Vincou que António Oliveira não é jogador desde 1986, não é treinador do FC Porto há 20 anos, deixou de ser seleccionador nacional há quase duas décadas e terminou a sua actividade no desporto em 2006, como presidente do Penafiel, o clube da terra natal”. “António Oliveira não tem nada a ver com o futebol”, acrescentou.

Mas Rio foi mais longe ao dizer que “promiscuidade” é aquilo que se passa com os actuais presidentes das câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia, Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, respectivamente, que acumulam funções autárquicas com a presença no Conselho Superior do FC Porto.

Detendo-se em António Oliveira, Rio disse ainda que “alguém que esteve ligado ao futebol não fica com estigma” nem será por si perseguido, o que seria “inadmissível” em democracia. Ao mesmo tempo, enalteceu a carreira multifacetada do ex-seleccionador nacional pós-futebol, aludindo à licenciatura em Direito pela Universidade Católica tirada já depois dos 50 anos, aos investimentos diversificados que também passam pelo sector vinícola e pelo turismo e ao facto de ser um dos “maiores” coleccionadores de pintura e escultura. Na ocasião, Rui Rio louvou em especial o investimento no Hotel A Brasileira, no edifício do emblemático café da Baixa do Porto.

Relativamente a Ricardo Baptista Leite, o líder do PSD disse que “dispensa apresentações”, numa alusão ao trabalho feito na Assembleia da República. O deputado social-democrata, que chegou a ser falado para a Câmara de Lisboa, vai disputar as eleições em Sintra, tentando conquistar a câmara a Basílio Horta, eleito pelo PS.

A conferência de imprensa serviu também para Rio desfazer de vez o tabu Pedro Santana Lopes. O presidente social-democrata esclareceu que Santana não será candidato pelo PSD nas próximas autárquicas”. “Faltam ser anunciados 76 candidatos, mas eu dir-lhe-ia que não será candidato”, afirmou, referindo-se ao ex-líder do PSD, que saiu do partido para fundar a Aliança, partido do qual se demitiu, entretanto.

Sobre se essa exclusão foi por iniciativa do PSD ou do próprio Santana Lopes, Rio respondeu: “É preciso encontrar o concelho certo, em que o PSD quisesse, ele também quisesse, o PSD local e o PSD nacional, e onde ele próprio tivesse alguma coisa a ver com o concelho, etc, etc, etc... E não me parece que vá acontecer isso”.

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