Rio chama “incompetente” a Carlos Carreiras e “não confiável” a Rui Moreira

Isaltino de Morais foi condenado, mas não excomungado, refere o presidente do PSD que, em Oeiras, considera normal uma lista do seu partido.

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Presidente do PSD apontou aos críticos internos e ao seu sucessor no Porto LUSA/JOSÉ COELHO

O presidente do PSD, Rui Rio, não abriu esta quinta-feira o jogo dos candidatos autárquicos do seu partido, remetendo para 1 de Março o início da homologação dos nomes das candidaturas. Em relação aos críticos da sua estratégia autárquica, classificou o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, como incompetente e sobre o seu sucessor à frente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse não ser confiável.

Carlos Carreiras é o pior, é o incompetente nisto, devia assumir a desgraça que foi em 2017. A gestão do processo eleitoral não vai receber críticas de quem fez um desastre”, disse Rio, referindo-se a Carreiras, responsável pelo processo eleitoral autárquico no partido há quatro anos. Esta manhã, em entrevista à Rádio Observador, o presidente do PSD recordou os números do que classificou como desastre eleitoral: “O PSD tem 98 câmaras para 161 do PS.”

Rui Rio repetiu o seu mote. “As próximas eleições autárquicas não são vitais para o presidente do PSD, mas para o PSD. O PSD, se quer continuar a ser alternativa, tem de ter milhares de autarcas eleitos. Não há um número mágico, só depois das eleições se verá”, declarou. “Quero chegar com mais presidentes de câmaras e muito mais eleitos, o que dá implantação no terreno. Aí levámos uma tareia muito grande”, insistiu, referindo-se às autárquicas de 2013 e 2017.

O líder do maior partido da oposição considerou, no entanto, que, nas próximas eleições, há uma mudança na preparação. “Pela primeira vez na história do PSD, em 46 anos, vamos gerir as autárquicas com um presidente do partido que foi autarca, o que só aumenta a minha responsabilidade”, acentuou, referindo-se aos 12 anos que esteve à frente da edilidade portuense.

“Estou aqui pelo espírito de missão e com sentido de responsabilidade”, disse sobre os seus três anos na liderança do PSD. “Não estou agarrado ao lugar, estou a fazer um serviço”, insistiu, admitindo que, se tiver um mau resultado, retirará consequências.

Para já, desvaloriza as críticas internas e o facto de não ter ainda apresentado candidatos às principais cidades do país. “Os outros também não apresentaram”, argumentou. Contudo, sem ser definitivo, teve palavras de simpatia para com o deputado Ricardo Baptista Leite. “Em Lisboa quer-se um candidato que seja conhecido. O perfil existe, o deputado Ricardo Baptista Leite tem essa visibilidade; há outros, a deputada Filipa Roseta também”, sugeriu.

Em relação à sua cidade, Rio foi claro. “Nunca ponderei uma aliança com Rui Moreira, o que se passou esta semana levou a que pessoas dentro e fora do PSD entendessem quem é Rui Moreira, que tem um jantar em privado e que o torna público, ao dizer que ‘vieram cá convidar-me e eu disse que não’”, relatou. “Ele queria que o PSD não se apresentasse e integrava pessoas do PSD na lista; nós propusemos-lhe o contrário”, adiantou.

“Não é uma pessoa confiável”, disse referindo-se ao presidente da Câmara do Porto. E atacou com o caso Selminho. “Alguém que tem interesses imobiliários na cidade em que é presidente da câmara, que confunde as duas coisas e tem uma acusação pesada do Ministério Público”, comentou.

“Estive 12 anos na Câmara do Porto e essa não é a minha cara, não quero ganhar as eleições autárquicas a qualquer preço”, referiu. Depois da recusa do eurodeputado Paulo Rangel, ao qual atribuiu posição pública mediática, em ser candidato ao município portuense, Rio não avançou qualquer nome, mas reconheceu valia num seu antigo vereador e vice-presidente da cidade. “É insuspeito, só posso dizer bem do engenheiro Vladimiro Feliz.”

Outra candidatura comentada foi a de Isaltino de Morais, em Oeiras. “Isaltino de Morais está fora de questão, vai como independente”, sentenciou. E reconheceu: “Há uma grande ligação entre os militantes do PSD em Oeiras e os apoiantes de Isaltino de Morais.”

Não tenho nada contra Isaltino de Morais, conheço-o há muitos anos, e dou-me bem com ele, mas uma lista própria do PSD em Oeiras é o normal”, alvitrou, explicando que esta opção não se prende com o passado do autarca oeirense. “Isaltino de Morais foi condenado a cumprir pena de prisão, não está condenado a prisão perpétua; não sou favorável a que alguém seja excomungado”, ressalvou.

Sobre a política de alianças para as autárquicas já subscrita com o CDS-PP de Francisco Rodrigues dos Santos, que definiu como “acordo de chapéu”, pouco adiantou. E situou as alianças só neste campo, negando qualquer aproximação autárquica ao Chega de André Ventura. Comentou, no entanto, um cenário em que a eleição de um vereador do Chega pudesse dar a maioria ao PSD. “Poderei aconselhar o ‘não’, mas não tenho poder nenhum”, sintetizou em relação às realidades locais de cada município e localidade.

Por fim, quanto à revisão da posição do PS sobre as mudanças nas leis autárquicas no caso das listas independentes, admitidas na noite de quarta-feira pela líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes, na Circulatura do Quadrado da TVI24, Rui Rio abriu uma porta à reflexão. “Tenho de entender quais as críticas em causa; se forem justas, tem de se olhar”, afirmou.

Contudo, passou de imediato a um ataque ao partido de António Costa. “O PS, à mínima contestação, recua de imediato; é incapaz de fazer uma reforma estrutural, tem medo, recua”, comentou. “É o partido mais do sistema que nós temos”, denunciou.

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