“O que é que nós queremos? Justiça climática!”: os jovens activistas gritam até que alguém os ouça

Jovens de 18 cidades do país fizeram-se ouvir em mais uma Greve Climática Estudantil, que decorreu em modo online e presencial. Em Lisboa, desceram até à Praça Martim Moniz, armados de megafones, cartazes pintados e palavras de ordem.

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Greve Climática Estudantil, a 19 de Março de 2021. LUSA/MÁRIO CRUZ

Ao final da tarde desta sexta-feira, 19 de Março, uma contagem decrescente foi projectada numa tela, na Praça do Martim Moniz, em Lisboa. Ao ritmo a que são produzidas as emissões de dióxido de carbono no planeta, faltariam seis anos, 287 dias, 18 horas, 10 minutos e 39 segundos até a temperatura global subir 1,5 graus Celsius. A Greve Climática Estudantil (GCE) insiste: “A nossa casa está a arder. Está na hora de apagar o fogo”.

“Temos menos de sete anos até esgotar o orçamento de carbono, ou seja, temos estes anos para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celcius, que é o que a ciência nos diz que tem de ser feito para evitar o colapso civilizacional”, explica Bianca Castro, da Greve Climática Estudantil. “Este não é um movimento só para o futuro, estamos a lutar pelo presente.”

A Greve Climática Estudantil respondeu ao apelo internacional do movimento Fridays for Future, iniciado por Greta Thunberg, desta vez sob o lema “No more empty promises”, em português, “Chega de promessas vazias”. “Tudo o que os governos e as instituições fizeram foi insuficiente. Os acordos internacionais são insuficientes. São palavras vazias. Continua a priorizar-se o lucro, em vez de se priorizarem as vidas”, afirma a activista.

Neste momento, a crise pandémica é, não há dúvidas, a mais urgente. Mas crises como a climática, económica, social, cultural, migratória também continuam a agravar-se, relembra Bianca Castro. “Com a chegada da pandemia, percebemos que os governos conseguem, afinal, tomar acções concretas e urgentes, quando necessário. Se não o fizeram com a crise climática, foi porque não representava um problema para eles.”

A luta pelo clima, defendem os estudantes, “tem de ser uma luta anti-racista, pela habitação, feminista”, para que não sejam os mesmos a pagar mais uma crise. Para os activistas, a justiça ambiental é inseparável da justiça social. Em Lisboa, marcaram presença, ao lado da GCE, colectivos como a Habita!, a SOS Racismo ou a Climáximo. Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo, reforçou: “Sem justiça económica e climática, não haverá justiça racial. É por isso que estamos aqui hoje. Continuamos na luta, juntos.”

O regresso da GCE à acção foi, em algumas cidades, online, através das redes sociais. Noutras, como em Lisboa e Aveiro, o encontro foi também presencial. Na capital, os jovens desceram da Praça José Fontana até ao Martim Moniz, armados de megafones, cartazes pintados e palavras de ordem: “What do we want? Climate justice! When do we want it? Now!” (em português, “O que é que nós queremos? Justiça climática! Quando é que a queremos? Agora!”).

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Mário Cruz/Lusa

Em fase de desconfinamento, a adesão à manifestação foi visivelmente menor do que em anos anteriores. “Apesar de não termos grandes números nas ruas, acho que estamos a passar uma mensagem política mais forte. As pessoas voltaram a ter vontade de fazer mais”, diz Bianca.

No total, foram 18 as localidades portuguesas em que os jovens se organizaram para participar na Greve Climática, do Pico às Caldas da Rainha. Os estudantes regressarão “à luta” a 22 de Abril, Dia da Terra. Nas palavras de Bianca Castro, “isto é só o começo”.

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