O Lisboagora quer ser uma “biblioteca online de arte performativa na cidade”

Projecto Lisboagora quer contar histórias de forma performativa, mostrando parte do tecido cultural da cidade. Actuações de diversos artistas vão agora ser disponibilizadas diariamente online até 2 de Abril.

“Contamos histórias sobre aquilo que vivemos, aquilo que ouvimos, aquilo que presenciámos, ou até mesmo sobre aquilo que sonhámos. E nesse processo de contar acrescentamos sempre um pouco de novidade.” Este é um pequeno excerto do que se pode ouvir no teaser do mais recente projecto artístico da cidade de Lisboa, o Lisboagora.

A ideia nasceu como resposta à paralisação das artes por causa da covid-19 e promete contar histórias de forma performativa, mostrando parte do tecido cultural da cidade. Através do apoio do Fundo de Emergência Social da Câmara de Lisboa, no valor de 48.600 euros, pretendeu “criar trabalho para um vasto número de profissionais do tecido artístico e garantir que o resultado estará acessível de forma abrangente e gratuita através de uma plataforma online (em directo ou em diferido)”.

Assim, foram convidados vários artistas que desenvolveram 14 projectos com potencial audiovisual para locais específicos de Lisboa, transmitidos esta terça-feira no site oficial do projecto, entre as 19h e as 23h. Agora, cada uma destas actuações será disponibilizada online, diariamente, até 2 de Abril.

Com direcção de António Jorge Gonçalves, Alexandre Almeida Coelho e Nuno Pratas, o Lisboagora envolveu mais de 50 pessoas, entre artistas, técnicos e outros profissionais, na criação e interpretação de novos conteúdos artísticos, que tiveram como palco edifícios e locais da capital. 

Entre as diferentes actuações encontram-se áreas como dança, cenografia, desenho, literatura, música, pintura, spoken word, teatro ou fotografia. Deste modo, o projecto promove o “cruzamento de diferentes linguagens artísticas expressando-se através das plataformas digitais”, disse António Jorge Gonçalves, em declarações à agência Lusa.

O conceito nunca passou pela gravação de “coisas performativas”, mas sim por “colocar artistas na cidade, e gravar em take único”, explicou o artista visual. Assim, no Verão passado, foram registadas em vídeo performances de artistas como a bailarina Leonor Keil, os músicos Vítor Rua, Noiserv e João Paulo Esteves da Silva, o actor Ângelo Torres, o escritor Rui Zink e o fotógrafo Augusto Brázio. Em locais como as ruínas do Teatro Romano, o jardim do Campo Grande, o Museu da Carris, o claustro do Museu da Marioneta ou o HUB Criativo do Beato.

A ideia passa agora por tornar a página do Lisboagora uma “biblioteca online de arte performativa na cidade”. “Seria um pouco a nossa ambição, era um sonho, se isto fosse um ponto de partida”, sublinhou. “Isto podia acontecer todos os anos, [para que depois] pudéssemos ir construindo, e imaginar as pessoas daqui a dez anos a ver como era Lisboa em 2021, quem estava a fazer o quê e aonde”, sugeriu.

Até porque, tal como conclui o teaser do projecto: “São as histórias que nos ligam. O passado ao presente. O outro a nós.”

Texto editado por Amanda Ribeiro

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