Mais um ministro da Saúde brasileiro na porta de saída?

Jornal O Globo diz que Pazuello pediu a demissão, mas o ministro da Saúde emitiu entretanto uma declaração dizendo que não entregou a pasta.

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Eduardo Pazuello ADRIANO MACHADO/Reuters

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde do Brasil, terá posto o lugar à disposição, alegando problemas de saúde – esteve infectado com o coronavírus que provoca a covid-19 – segundo vários jornais brasileiros este domingo.

Horas mais tarde, o ministro desmentiu, emitindo uma declaração dizendo que que não está doente, não entregou a pasta nem lhe foi pedido que o fizesse, segundo o UOL. No entanto, disse que porá o cargo à disposição “assim que o Presidente solicitar”. 

Apesar disso, mas jornais como O GloboFolha de São Paulo ou Estado de São Paulo mantinham que iria ser afastado.

A confirmar-se, será o terceiro responsável pela pasta a abandonar o cargo desde o início da pandemia de covid-19, depois das saídas precoces de Nelson Teich e de Luiz Henrique Mandetta – estes em confronto aberto com o Presidente Jair Bolsonaro.

Apesar de contarem com o apoio de Bolsonaro, Pazuello e o seu ministério estavam a ser muitos pressionados pela oposição e por alguns partidos do “centrão” que apoiam o Governo, numa altura em que o Brasil atravessa uma das fases mais negras da pandemia, em termos de infecções e óbitos, e também experiencia atrasos na aquisição e distribuição das vacinas.

Durante três dias seguidos, o Brasil registou mais de 2 mil mortes por covid-19 por dia, um número que só desceu no sábado, quando se registaram 1940 óbitos. O pico da semana foi na quarta-feira, com 2349 mortes.

Para além da gestão política da pandemia, com um Presidente que tem desvalorizado a doença e promovido remédios sem provas dadas contra a covid-19, um dos principais desafios da pandemia no Brasil está relacionado com uma das variantes do vírus SARS-CoV-2, de transmissão mais fácil, que poderá também estar a reinfectar mais facilmente pessoas que já tenham estado doentes.

Segundo a Folha de São Paulo, Bolsonaro estará inclinado a nomear Ludhmila Abrahão Hajjar, professora associada da Faculdade de Medicina da USP, ou Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, para o lugar de Pazuello.

A Folha de São Paulo relatava uma reunião entre Bolsnaro, Pazuello e Hajjar.

O deputado federal pelo Rio de Janeiro e médico Luiz Antonio Teixeira Jr., dos Progressistas, também é apontado ao posto.

A CNN Brasil acrescenta que a saída de Pazuello estava a ser discutida pelo Governo numa altura em que este tenta mudar a estratégia em relação à pandemia e focar-se na vacinação do país. O Brasil tem vacinado cerca de 200 mil pessoas por dia, não por falta de capacidade mas sim por falta de vacinas.

Segundo a revista Veja, o número de vacinas dadas ainda é 64% inferior à capacidade dos serviços de saúde do país.

Até 13 de Março, mais de nove milhões de pessoas (4,57% da população) levaram a primeira dose da vacina e três milhões e meio a segunda 3.539.612 (1,67% da população) segundo dados recolhidos por um consórcio de jornais e televisões que divulgam dados relativos à pandemia depois de o governo deixar de o fazer. 

A Veja adianta que a situação deverá mudar a partir de Abril, quando a Fiocruz, principal fornecedora de vacinas para o Ministério da Saúde e que as produz através de um acordo com a AstraZeneca, entregar regularmente um grande número de doses de vacinas (tem contratadas 222 milhões de doses).

Notícia actualizada às 22h com declaração do ministro dizendo que não se demitiu

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