Áreas protegidas da floresta amazónica no Brasil estão à venda ilegalmente no Facebook

Algumas dessas áreas, segundo uma investigação da BBC, equivalem a mil campos de futebol juntos. Facebook mostrou-se disposto a colaborar com as autoridades locais, mas nada fará unilateralmente para impedir os negócios.

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Ueslei Marcelino/Reuters

Áreas protegidas da floresta amazónica no Brasil estão a ser vendidas ilegalmente através da rede social Facebook, divulgou o canal britânico BBC.

Transacções ilegais em grandes áreas, como florestas nacionais protegidas ou terras indígenas, são anunciadas no Marketplace, o serviço de anúncios classificados oferecido pela rede social.

Algumas dessas áreas, segundo a investigação da BBC, são tão grandes que equivalem a mil campos de futebol juntos.

O Facebook mostrou-se disposto a colaborar com as autoridades locais, embora tenha esclarecido que não adoptará medidas unilaterais para impedir o comércio.

De acordo com a BBC, o chefe de uma das comunidades indígenas afectadas pediu à empresa que faça mais para solucionar a situação. A chefe da organização não-governamental Kanindé, Ivaneide Bandeira, disse ao canal britânico que “os invasores da terra agem de forma muito agressiva e nem têm vergonha de recorrer ao Facebook para processar contratos de terras ilegais”.

Qualquer pessoa pode encontrar fotos das terras “à venda” inserindo termos como “florestas” na plataforma e clicando no localizador dos estados amazónicos.

Além disso, muitos desses vendedores admitem abertamente que não possuem um certificado legal que comprove que são os proprietários.

A maior parte dos anúncios vem de Rondónia, segundo a BBC, que também denuncia a existência de pessoas que se apropriam ilegalmente de terras indígenas e pressionam os políticos para que os ajudem a legalizar a posse.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, contactado pela rede britânica, afirmou que o Governo do Presidente Jair Bolsonaro "sempre deixou claro que mantém tolerância zero para qualquer crime, inclusive ambiental”.

O Facebook, por sua vez, argumenta que tentar deduzir que vendas são ilegais seria uma tarefa muito complexa para ser realizada sozinho e acredita que as autoridades competentes devem agir.

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