Prédio municipal da Alameda vandalizado e usado para consumo de droga

Edifício vai ser convertido em residência para estudantes, mas para já está cheio de lixo, há janelas escancaradas e vidros partidos. Câmara mandou entaipar acessos.

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Edifício de Norte Júnior foi construído para habitação mas era utilizado por serviços da Segurança Social DR
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O lixo e o abandono são evidentes no interior DR
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O lixo e o abandono são evidentes no interior DR
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O prédio tem sido usado como local de pernoita e consumo de droga DR

Um edifício municipal vazio na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, está desde meados do ano passado a ser usado como local de pernoita, de consumo e tráfico de droga. Nos últimos meses, o prédio encheu-se de lixo, foi vandalizado e o mobiliário que ainda continha foi progressivamente roubado.

A situação não é desconhecida das autoridades. Ainda na sexta-feira dois agentes da PSP se deslocaram ao imóvel e, de acordo com respostas da Câmara de Lisboa ao PÚBLICO, também a Polícia Municipal já foi chamada a intervir.

O grande prédio faz esquina entre a Alameda e a Av. Manuel da Maia e nele funcionaram serviços da Segurança Social até que a câmara o adquiriu ao Estado central para ali fazer uma residência de estudantes. A intenção da autarquia é criar cerca de 200 quartos com vista para o Instituto Superior Técnico, mas as obras ainda vão demorar algum tempo. Decorre agora a “análise das propostas resultantes do concurso para empreitada lançado no segundo semestre de 2020” e prevê-se a “decisão do júri até ao final do mês”.

Enquanto isso, há vidros partidos em várias portas, janelas e portas escancaradas, cabos partidos, muito lixo acumulado, paredes e tectos vandalizados. Alguns vizinhos já várias vezes se queixaram de ruído nocturno e mais do que uma caixa de ar condicionado desapareceu da fachada. Nas imediações teme-se que a situação se arraste, pois há o receio de que aumentem os riscos de incêndio ou de criminalidade.

Os moradores do Areeiro alertam há meses que a mendicidade e a toxicodependência têm vindo a aumentar na freguesia, o que também fez crescer a percepção de insegurança. O grupo cívico Vizinhos do Areeiro tem compilado todas as situações de criminalidade que lhe são relatadas e os dados mostram que 2020 foi um ano particularmente agitado, com um número de ocorrências superior à dezena em quase todos os meses.

Projectado por Norte Júnior em 1946, o edifício é um exemplo do estilo Português Suave e integra desde 2014 um itinerário da Direcção-Geral do Património Cultural relativo à obra deste arquitecto marcante em Lisboa. Integrado na zona de protecção do edifício do Instituto Nacional de Estatística, o imóvel mantém a fachada inalterada, mas o interior foi mexido para o adaptar ao uso que teve durante muitos anos, o de escritórios para a Segurança Social.

A câmara confirma que “há registo de intrusão, com evidência de retirada de cablagens e tubagens” e diz que a Polícia Municipal encontrou uma pessoa no interior quando lá foi. “Não foi possível referenciar a sua situação social, uma vez que abandonou o local”, informa a autarquia. “O emparedamento dos acessos ao edifício foi reforçado, quer na fachada principal, quer na fachada a tardoz, para evitar novas entradas de estranhos”, diz ainda a resposta.

Porém, como o PÚBLICO constatou no local já esta semana, o acesso ao prédio ainda é relativamente fácil.

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