Aliados de Bolsonaro eleitos para a presidência das duas câmaras do Congresso

Arthur Lira sucede a Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados, enquanto Rodrigo Pacheco assume a liderença do Senado. Presidente brasileiro ganha dois aliados importantes para a segunda metade do seu mandato.

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Arthur Lira recebeu 302 votos, mais do dobro de Baleia Rossi , o seu adversário Reuters/ADRIANO MACHADO

O deputado Arthur Lira, apoiado por Jair Bolsonaro, foi eleito esta segunda-feira presidente da Câmara dos Deputados, cargo que assumirá nos próximos dois anos e que terá um papel fundamental num eventual processo de destituição (impeachment) do Presidente brasileiro.

Arthur Lira, do Partido Progressista, do chamado “centrão”, recebeu 302 votos, enquanto Baleia Rossi, o seu principal adversário que juntava o apoio de dez partidos da oposição, ficou-se pelos 145, o que permitiu que a vitória do candidato apoiado por Bolsonaro acontecesse logo à primeira volta.

Horas antes da eleição de Arthur Lira para a câmara baixa do Congresso, Rodrigo Pacheco, senador pelo estado de Minas Gerais, foi eleito presidente do Senado, sucedendo a Davi Alcolumbre.

O dia foi, por isso, de celebração para Jair Bolsonaro, que viu os dois candidatos que apoiou para a liderança da Câmara dos Deputados e do Senado serem eleitos, numa altura em que o fantasma da destituição paira sobre o Presidente brasileiro, que enfrenta mais de meia centena de pedidos de impeachment.

A eleição de Arthur Lira, que sucede a Rodrigo Maia (apoiante de Baleia Rossi), foi particularmente importante para Jair Bolsonaro, já que cabe ao presidente da Câmara dos Deputados decidir abrir ou não um processo para afastar o Presidente brasileiro. Além disso, Bolsonaro ganha aliados para agendar e avançar com as propostas legislativas do seu Governo.

Momentos depois da confirmação das eleições de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco, Bolsonaro publicou na rede social Twitter duas fotografias suas ao lado dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

A escolha dos novos líderes das duas câmaras do Congresso foi marcada, conforme escreve a Folha de São Paulo, pela interferência de Bolsonaro, que prometeu cargos e admitiu uma reformulação em três ministérios (Cultura, Desporto e Pesca) para agradar ao “centrão”, no qual deposita o seu futuro político no Congresso.

No seu primeiro discurso enquanto presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que dias antes tinha demonstrado resistência quanto à possibilidade de criar uma comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão do Governo na pandemia de covid-19, considerou que a prioridade deve ser vacinar o povo brasileiro e defendeu o diálogo como forma de promover a “protecção social”, garantindo que vai desempenhar o cargo com “neutralidade”.

Mas, momentos após o discurso e no seu primeiro acto enquanto presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira tomou a primeira decisão polémica e anulou a eleição para os restantes cargos da Mesa Directora (responsável pela direcção dos trabalhos legislativos), marcando uma nova eleição para esta terça-feira.

Além disso, Arthur Lira cancelou a formação do bloco dos dez partidos que apoiaram Baleia Rossi, o que os pode prejudicar na divisão proporcional dos cargos na Mesa Directora.

Os aliados de Baleia Rossi já anunciaram uma acção no Supremo Tribunal Federal para contestar a decisão de Arthur Lira.

O presidente da Câmara dos Deputados ocupa o segundo lugar na linha de sucessão a Presidente da República. Fora do Congresso, Arthur Lira é alvo de investigações por corrupção passiva e violência doméstica.

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