China acusa grupo de 12 activistas de Hong Kong que tentou pedir asilo em Taiwan

Entre os activistas está um luso-descendente de 19 anos que já tinha sido preso em Hong Kong em Novembro de 2019. Grupo, que inclui dois menores de idade, está detido há quase quatro meses.

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Tsz Lun Kok foi detido durante os protestos na Universidade Politécnica de Hong Kong em 2019 Reuters/HK01

As autoridades chinesas acusaram formalmente 12 jovens activistas de Hong Kong de tentarem passar ilegalmente a fronteira em direcção a Taiwan. Entre os detidos está Tsz Lun Kok, um estudante de 19 anos com nacionalidade portuguesa e chinesa.

Os jovens, com idades entre os 16 e os 33 anos, estão sob custódia das autoridades chineses desde 23 de Agosto, sem direito a escolherem os seus advogados. Foram detidos quando tentavam chegar a Taiwan por mar, ao que tudo indica para pedir asilo, tendo a sua lancha sido interceptada pela guarda-costeira da província de Cantão.

Dois dos activistas estão acusados de organizarem a passagem ilegal da fronteira e oito estão acusados de travessia ilegal. As acusações dos restantes dois não foram reveladas, mas, por serem menores de idade, serão julgados à porta fechada, escreve o The Guardian.

Até ao momento, ainda não há data marcada para o julgamento. À agência Lusa, a #save12hkyouths (salvem os 12 jovens de Hong Kong), uma organização que tem feito campanha pela libertação dos activistas, disse que só os familiares de um dos detidos foram informados da acusação por parte das autoridades chinesas.

Os familiares do luso-descendente Tsz Lun Kok não foram notificados, acrescentou a organização, sendo que a China não reconhece a dupla nacionalidade a cidadãos chineses.

Caso sejam condenados – o cenário mais provável, tendo em conta que, na China, 99% das acusações resultam em condenação – os activistas acusados de organizar a travessia ilegal da fronteira podem enfrentar uma pena de prisão até sete anos e os restantes uma sentença até um ano de prisão.

Um dos activistas detidos, Andy Li, também já tinha sido detido à luz da controversa lei de segurança nacional imposta por Pequim a Hong Kong no final de Junho, que prevê sentenças que podem ir até prisão perpétua para os responsáveis pelos crimes de secessão, subversão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras.

Os restantes jovens também enfrentam acusações em Hong Kong devido à sua participação nas manifestações pró-democracia. Tsz Lun Kok chegou a ser detido em Novembro de 2019, devido a um protesto na Universidade Politécnica de Hong Kong, acabando por ser libertado pouco depois.

O executivo regional de Carrie Lam disse que os jovens devem enfrentar a Justiça pelos crimes cometidos em Hong Kong. No entanto, defende que, primeiro, devem ser julgados na China.

A detenção dos 12 activistas de Hong Kong só foi confirmada pelas autoridades chinesas um mês após a detenção dos jovens. Desde então, têm sido vistos como um dos símbolos da resistência a Pequim, numa altura em que várias figuras pró-democacia têm sido presas pelas autoridades da região administrativa.

Entre elas, está Jimmy Lai, dono jornal Apple Daily, detido desde o início de Dezembro, sem direito a fiança, e acusado no âmbito da lei de segurança nacional, podendo por isso enfrentar prisão perpétua; assim como a proeminente figura do movimento pró-democracia Joshua Wong, condenado a a 13 meses e meio de prisão, e os activistas Ivan Lam e a Agnes Chow, condenados, respectivamente, a sete e a dez meses de prisão por participarem numa manifestação contra o governo local em Junho de 2019.

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