Reino Unido vai sofrer mais do que a UE sem um acordo comercial

Segundo o Instituto de Estudos Económicos de Munique, os britânicos importaram 50% da UE e exportaram 47% para a união em 2019, enquanto os 27 apenas exportaram 4% para o Reino Unido e importaram 6%.

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O porto britânico de Dover, onde chega a maior parte das importações da União Europeia PETER NICHOLLS/Reuters

O estudo do Instituto de Estudos Económicos de Munique confirma que embora a saída do Reino Unido da União Europeia seja sentido nos dois lados, o impacto será muito maior na economia britânica que depende muito mais dos 27 Estados-membros que estes do mercado do Reino Unido.

“O ‘Brexit’ significa que ambos os lados perdem, mas o Reino Unido perde consideravelmente mais”, afirma Lisandra Flach, directora Centro para a Economia Internacional do instituto alemão. “É do interesse de ambas as partes ter um acordo de comércio a 1 de Janeiro”, acrescentou, em declarações ao site do instituto.

De acordo com o estudo, em 2019, os 27 Estados membros foram responsáveis por 50% das importações do Reino Unido e destino de 47% das suas exportações. Um impacto dez vezes superior ao da balança comercial da UE, onde apenas 4% das exportações vão para o mercado britânico e de onde chegam 6% dos produtos importados pela UE.

“Em todos os países europeus apenas uma pequena quantidade de produtos é altamente dependente de importações do Reino Unido. Quer isto dizer que o aumento do custo comercial devido ao Brexit terá um impacto muito menor em empresas dos 27 Estados membros por comparação com as suas congéneres do Reino Unido”, acrescentou Lisandra Flach.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse esta terça-feira que as posições do Reino Unido e da UE ainda estavam muito distantes, antes de uma viagem a Bruxelas esta semana para tentar desbloquear o impasse nas negociações pós-Brexit.

“Ainda estou optimista, mas tenho de ser honesto, a situação no momento é delicada. Os nossos amigos [europeus] precisam perceber que o Reino Unido deixou a UE para poder exercer um controlo democrático. Ainda estamos muito longe disso”, afirmou o líder conservador, que se deverá reunir “nos próximos dias” com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A pouco mais de três semanas da rotura definitiva com a UE devido ao fim do período de transição, as negociações entre britânicos e europeus continuam bloqueadas nos mesmos três assuntos: acesso europeu às águas britânicas, como resolver disputas comerciais no futuro acordo e as garantias exigidas pela UE em termos de concorrência, em troca do acesso sem tarifas nem quotas ao mercado único.

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