Stadler estuda mercado nacional para fazer parcerias com empresas portuguesas

Multinacional suíça que vai fornecer comboios à CP e ao Metro de Lisboa elogia competitividade das empresas portuguesas, mas aguarda decisões sobre os próximos concursos para decidir se investe em Portugal

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O Flirt é o modelo com que a Stadler ganhou o concurso da CP DR

Se não houver impedimentos do Tribunal de Contas relativamente ao concurso da CP e se se resolver a impugnação no concurso do Metro de Lisboa a favor da Stadler, esta empresa deverá ter nos próximos anos 36 comboios a circular em Portugal, num total de 108 veículos ferroviários. Para a CP estão previstos 22 comboios e para o Metro 14.

Este é um dos motivos pelos quais a Stadler tem vindo, desde há quatro anos, a estudar o mercado português, como admitiu Iñigo Parra, responsável da empresa em Espanha e Portugal. Os cadernos de encargos exigem incorporação nacional na produção dos comboios, elemento que costuma ser importante na escolha dos concorrentes e daí o interesse pelo sector produtivo português, que Iñigo Parra considera “muito competitivo”, destacando sobretudo as empresas tecnológicas.

Mas a necessidade de arranjar fornecedores para o fabrico dos comboios vendidos a Portugal não é o único motivo para esta prospecção por parte dos suíços. Iñigo Parra considera que, para além dos concursos em curso, o mercado português tem potencial para ser parceiro da Stadler em projectos europeus e salienta que a empresa tem fábricas de comboios na Suíça, Alemanha, Itália, Polónia, Espanha, República Checa, Hungria e Bielorrússia.

Sobre eventuais investimentos da Stadler em Portugal, o administrador diz que nada está, para já, decidido, mas realça que é necessário esperar para saber com mais pormenor os concursos que vão ser lançados nos próximos anos no sector ferroviário. Iñigo Parra considera positivo a recente aposta portuguesa de pertencer ao clube dos países que consideram o transporte ferroviário como um sector decisivo para a sustentabilidade ambiental, mas quer saber até que ponto as intenções se vão materializar em investimentos concretos.

Os dois concursos em que a Stadler foi vencedora foram ambos impugnados, tanto na CP como no Metro de Lisboa, mas Iñigo Parra não considera essa situação muito anómala nem se queixa da morosidade da justiça portuguesa. “Noutros países também se passa o mesmo”, referiu.

Na conversa que esta terça-feira teve com os jornalistas, em Lisboa, o administrador também não adiantou onde deverão ser construídos os 22 comboios para a CP. Poderá ser na Suíça ou em Espanha, sendo certo que a proximidade pode ser um factor a influenciar uma decisão que ainda não está tomada.

A Stadler, que tinha iniciado a sua actividade em 1942 a produzir locomotivas, foi comprada em 1984 pelo empresário Peter Spuhier, que ainda hoje é o CEO da empresa. Nessa altura tinha 18 empregados. Hoje tem 10.900 trabalhadores distribuídos por uma dúzia de países. O segredo da expansão do negócio foi a construção de vários tipos de material circulante ferroviário desde os comboios convencionais de passageiros, a metros, eléctricos e comboios de cremalheira. Em 2019 a empresa facturou cerca de 3000 milhões de euros.

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