Trump confiante na vitória, Biden volta à decisiva Pensilvânia

Presidente norte-americano atacou decisão do Supremo sobre contagem de votos na Pensilvânia e mostrou-se confiante em manter o resultado de 2016. Candidato do Partido Democrata prometeu “restaurar a espinha dorsal” dos EUA numa visita à Pensilvânia, o estado onde estão centradas todas as atenções.

partido-democrata,donald-trump,america-norte,eua,mundo,america,
Fotogaleria
Joe Biden visitou Scranton, na Pensilvânia Reuters/KEVIN LAMARQUE
partido-democrata,donald-trump,america-norte,eua,mundo,america,
Fotogaleria
Donald Trump terminou a campanha em Grand Rapids, no Michigan EPA/JEFFREY SAUGER

Depois de 14 comícios em apenas três dias, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a manhã do dia das eleições com uma entrevista ao programa Fox & Friends em que surgiu num tom mais moderado, mostrando-se confiante na vitória, mas admitindo declarar-se vencedor apenas quando tiver certezas.

“Quando houver uma vitória, se houver uma vitória”, disse o Presidente norte-americano, quando questionado sobre a possibilidade de se declarar vencedor casos os resultados iniciais da noite eleitoral o coloquem em vantagem, uma afirmação mais contida em relação ao seu discurso habitual, que tem exigido um desfecho a 3 de Novembro, ignorando o tempo necessário para que todos os votos sejam contados. “Não há motivo para entrarmos em jogos”, acrescentou.

Donald Trump, no entanto, mostrou-se confiante na reeleição – “acho que vamos vencer” – e até admite conquistar pelo menos 306 grandes eleitores no Colégio Eleitoral, o mesmo número que conseguiu em 2016, bastante acima dos 270 necessários para garantir a nomeação.

As declarações do Presidente, desgastado após uma longa maratona de comícios na segunda-feira, onde esteve em quatro estados – Carolina do Norte, Pensilvânia, Wisconsin e Michigan –, contrastam com as insinuações e acusações que lançou horas, atacando, inclusive, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, para o qual nomeou três juízes durante o seu mandato.

Em causa, a decisão do Supremo sobre a contagem de votos por correspondência, que decretou que os votos recebidos naquele estado com um carimbo que comprove que foram enviados até 3 de Novembro devem ser contados até à tarde da próxima sexta-feira.

Há quatro anos, Trump conquistou a Pensilvânia a Hillary Clinton por uma diferença de apenas 44 mil votos, e as sondagens, agora, dão a vantagem a Joe Biden, que conta obter uma votação expressiva no voto por correspondência.

Ciente de que a vitória nas eleições depende deste estado, Donald Trump virou-se para o Supremo – que até admitiu voltar ao processo mais tarde, podendo levar a que milhares de votos sejam inviabilizados – e insinuou, num comício na Florida, que a decisão da mais alta instância judicial do país poderia ser “fisicamente perigosa”. 

Mais tarde, o Presidente voltou ao assunto no Twitter, numa publicação que foi assinalada pela rede social como potencialmente falsa.

“A decisão do Supremo Tribunal sobre a votação na Pensilvânia é muito perigosa”, afirmou Trump. “Isto vai permitir a fraude desenfreada e o descontrolo e vai minar todo o nosso sistema judicial. Também vai induzir violência nas ruas. Algo deve ser feito!”, atirou.

O Presidente norte-americano participou ainda num comício em Scranton, na Pensilvânia, e terminou a campanha em Grand Rapids, no Michigan, onde deixou um apelo ao voto e quase se emocionou com os cânticos de apoio que ouviu. “Não me façam chorar”, repetiu várias vezes.

“É bom estar em casa”

Tal como Donald Trump, o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, passou grande parte do último dia de campanha na Pensilvânia, juntamente com a sua “vice”, Kamala Harris, que correram o estado de lés-a-lés.

“Está na altura de Donald Trump fazer a mala e ir para casa. Estamos fartos do caos, do racismo, dos tweets, da fúria, do falhanço, da irresponsabilidade”, afirmou Biden perante uma multidão em Pittsburgh, onde esteve acompanhado pela cantora Lady Gaga.

Esta terça-feira, sinal da importância que a Pensilvânia - onde teve pelo menos nove comícios nos últimos três dias - tem para as aspirações democratas, Joe Biden regressou a Scranton. “É bom estar em casa”, disse Biden, usando um megafone, num encontro com alguns dos seus apoiantes daquela cidade. “Temos de restaurar a espinha dorsal deste país”, acrescentou, destacando a sua ligação àquele estado e a Scranton em particular, onde viveu parte da sua infância.

Durante a manhã, Joe Biden, que a ser eleito será o segundo Presidente católico do país (a seguir a John F. Kennedy), foi à missa na igreja de St. Joseph, em Greenville, no Delaware, visitando depois o túmulo da sua falecida mulher, Neilia, e da sua filha Naomi, que morreram num acidente de automóvel, e do seu filho Beau, que morreu vítima de um cancro no cérebro.

Depois da passagem pela Pensilvânia, Joe Biden regressa ao Delaware, onde vai acompanhar a noite eleitoral com a sua mulher, Jill Biden, e com a candidata à vice-presidência Kamala Harris. Trump, por seu lado, vai estar na Casa Branca, com mais de 400 convidados.

Sugerir correcção