PS diz por nove vezes que Catarina Martins mentiu sobre Orçamento

Bloco e PS esticam a corda nas negociações ao mesmo tempo que dizem que querem lançar pontes.

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João Paulo Correia, deputado do PS LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O PS usou esta sexta-feira oito vezes a palavra “mentira” para contrariar a acusação do Bloco de Esquerda de que o Governo não quer “avançar mais” no combate à pobreza para transferir dinheiro para o fundo de resolução dos bancos. Antes desta declaração, o jornal Observador publicou uma entrevista em que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares também se mostrou duro para com o Bloco. "Matematicamente, o Orçamento do Estado pode ser aprovado sem o Bloco. Mas não vemos razões para votar contra”, disse Duarte Cordeiro.

Durante nove minutos, o vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia falou aos jornalistas no Parlamento para responder à coordenadora do BE e dizer que as acusações de Catarina Martins “estão baseadas numa mentira e essa mentira tem que ser desfeita”.

“Não podemos deixar de o denunciar”, afirmou o deputado, que, apesar destas acusações, afirmou, também por várias vezes, que o partido do Governo “está apostado” e “tem todo o interesse no desfecho positivo das negociações, que viabilizem” o Orçamento do Estado de 2021.

Por três vezes, João Paulo Correia afirmou que o Orçamento do Estado não prevê fundos públicos para o fundo de resolução, de onde saem verbas, por exemplo, para o Novo Banco, e que essa foi uma pretensão dos bloquistas aceite pelo Governo. “Essa mentira tem que ser desfeita”, insistiu ainda.

Numa conferência de imprensa, na quinta-feira, a coordenadora bloquista assinalou como positivo que o Governo tenha dito publicamente que quer continuar as negociações orçamentais, mas referiu que “do ponto de vista prático” ainda não chegaram quaisquer contrapropostas ou pedidos de reunião.

Apesar do tom das acusações, o deputado socialista disse que “é evidente que isto não significa que as negociações caiam num impasse”. E disse que o PS “está sempre disponível para negociar” desde que haja “bom senso e responsabilidade de ambas as partes”.

“Não há condições para criar uma crise política em cima de uma crise económica e social”, disse.

Na entrevista ao Observador, Duarte Cordeiro quis dizer que há espaço para negociar com o Bloco, mas ao mesmo avisou que o Orçamento “pode ser aprovado matematicamente sem o Bloco de Esquerda”. Além disso, deixou claro que o Governo não vê razões para que os bloquistas votem contra.

“Estamos disponíveis para continuar a conversar. A entrega do OE não pressupõe concluir o processo negocial, mas [pressupõe] que temos um prazo para entregar a proposta na Assembleia da República e temos de entregar”, disse o governante.

A votação na generalidade do Orçamento no Parlamento está agendada para 28 de Outubro e os bloquistas só decidem o seu sentido de voto três dias antes, numa reunião da mesa nacional, o órgão mais importante do partido entre congressos.

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