Facebook doa um milhão de euros a museu que funciona no centro onde os britânicos descodificavam mensagens nazis

A gigante tecnológica define Bletchley Park como o “lar espiritual da computação moderna” e quis ajudá-lo a enfrentar a crise em que se encontra devido à pandemia.

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Uma das máquinas decifradoras de Alan Turing e da sua equipa no Museu de Bletchley Park © Alessia Pierdomenico / Reuters

 A Facebook doou um milhão de libras (1,1 milhões de euros) para apoiar Bletchley Park, o museu criado na base dos decifradores de códigos da Segunda Guerra Mundial e cuja continuidade está em risco devido à pandemia de covid-19

A rede social, actualmente avaliada em bolsa em mais de 600 mil milhões de dólares (509 mil milhões de euros), justificou o gesto reconhecendo o legado de Bletchley Park enquanto "lar espiritual da computação moderna”.

Na casa de campo vitoriana, 80 quilómetros a norte de Londres, trabalhou uma série de especialistas durante a Segunda Guerra Mundial com o objectivo de decifrar as comunicações das forças nazis, contribuindo, assim, para a vitória dos Aliados

Depois da guerra a propriedade foi declarada património histórico e transformada em museu, oferecendo também actividades sobre computadores e programação.

Steve Hatch, vice-presidente da Facebook para o norte da Europa, disse que o próprio trabalho da rede social em novas tecnologias, em particular em inteligência artificial, não teria sido possível sem os avanços alcançados pelo matemático pioneiro Alan Turing, um dos líderes da operação em Bletchley Park.

“A nossa esperança é que Bletchley se mantenha aberto e inspire a próxima geração de programadores”, afirmou Hatch.

Tal como muitas outras atracções turísticas, Bletchley Park foi forçado a fechar as portas desde a Primavera, ficando sem o rendimento obtido com a entrada de centenas de milhares de visitantes anuais, tendo previsto um défice de dois milhões de libras (2,2 milhões de euros) em 2020. 

A Facebook disse que o donativo visa ajudar o museu, que reabriu em Setembro, a enfrentar a crise, evitando o despedimento de funcionários e o fim de algumas das suas actividades. 

O Governo britânico revelou na segunda-feira uma lista de 1.385 instituições culturais que vão beneficiar de apoios no valor de 257 milhões de libras (284 milhões de euros), mas Bletchley Park não foi incluído.

Este dinheiro é a primeira parcela de um Fundo de Recuperação da Cultura que totaliza 1,57 mil milhões de libras (1,73 mil milhões de euros) e se destina a ajudar museus, galerias, teatros e salas de concertos, a grande maioria ainda fechada desde que o país entrou em confinamento em Março. 

Alguns museus e teatros conseguiram reabrir com capacidade reduzida e com prejuízo financeiro, mas as restrições impostas pela pandemia tornam impossível a maioria dos espectáculos ao vivo e muitos trabalhadores ficaram de fora do regime de layoff porque são profissionais independentes.

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