Se PS quiser negociar, não há razão para precisar de Rui Rio, diz Catarina Martins

Para a líder do Bloco de Esquerda, não é ao Presidente da República que cabe encontrar soluções para a aprovação do Orçamento.

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Catarina Martins diz que António Costa não precisará do PSD LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) afirmou este sábado que o seu partido continua disponível para negociar o Orçamento do Estado para 2021 e não vê razão para PS e Governo precisarem do PSD liderado por Rui Rio.

Se o PS quiser construir soluções à esquerda, “não precisará de negociar com Rui Rio”, declarou Catarina Martins aos jornalistas, no final de uma visita a uma exposição de fotografia de Alfredo Cunha, na Galeria Municipal Artur Bual, na Amadora.

A coordenadora do BE considerou que “não cabe ao Presidente da República”, Marcelo Rebelo de Sousa, encontrar soluções para a aprovação do Orçamento e manifestou-se convicta de que “essas soluções virão do Parlamento, queira o Governo”.

Não é o Presidente da República que determina maiorias parlamentares”, acrescentou. “É o parlamento o lugar para encontrar soluções, não é o Presidente da República que determina quais são as soluções que são encontradas”.

“Eu repito: as soluções encontram-se no Parlamento, não é o Presidente da República que define. Não foi na última legislatura, não será nesta legislatura”, insistiu.

“Portanto, não há nenhuma razão para o Governo precisar de Rui Rio, a menos que o PS não queira negociar com o BE. Nós estamos cá para construir soluções”, reforçou.

O apelo de Marcelo e a resposta de Rio

Esta sexta-feira, à entrada do conselho nacional do PSD, o líder do partido respondeu aos apelos de Marcelo Rebelo de Sousa para que os partidos da oposição garantam a aprovação do Orçamento do Estado (OE), mesmo que a esquerda o reprove, dizendo que a pressão é para “a solução política encontrada" e não para o PSD.

“Se o senhor Presidente da República disse que deve haver Orçamento do Estado e não deve haver uma crise, a pressão não é para mim, é para a solução encontrada: PCP, BE, PS ou PS só com um”, disse. E acrescentou que neste momento o PSD “está na bancada à espera que o jogo se inicie, que é quando o Governo entregar o Orçamento do Estado no dia 12 de Outubro”.

O líder do PSD voltou a remeter, como tem feito nos últimos dias, qualquer resposta sobre uma eventual crise política para o primeiro-ministro, António Costa.

“O líder do PS, neste caso também primeiro-ministro, foi muito claro, quando disse que no dia que precisasse do PSD para aprovar o OE o seu Governo deixa de fazer sentido”, declarou, lembrando a recente entrevista de António Costa ao semanário Expresso.

Horas antes, também no Algarve, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o “normal em Portugal, desde que houve as eleições, é que haja um Governo apoiado pela esquerda”, mas afirmou que, “no caso do Orçamento, se não for possível haver esse apoio à esquerda, que é o natural”, a “oposição, sobretudo a oposição que ambiciona liderar o Governo, pensará o que eu pensei como líder da oposição na altura” em que o actual chefe de Estado liderou o PSD. 

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