Governo dos EUA acusa agentes russos de espalhar desinformação

Os responsáveis norte-americanos afirmaram que agentes dos serviços secretos russos utilizam três páginas em inglês para espalhar fake news.

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Dois russos que ocuparam altos cargos no serviço de inteligência militar de Moscovo foram identificados como responsáveis Paulo Pimenta

O Governo dos Estados Unidos identificou dois agentes dos serviços secretos militares russos suspeitos de ajudarem a disseminar desinformação sobre a covid-19, política americana e asuntos internacionais através de páginas na Internet.

Os responsáveis norte-americanos afirmaram esta segunda-feira que os agentes dos serviços secretos russos utilizam três páginas em inglês para espalhar fake news, procurando explorar uma crise que a América está a tentar conter antes das eleições presidenciais de Novembro.

Dois russos que ocuparam altos cargos no serviço secreto militar de Moscovo, o GRU, foram identificados como responsáveis por um esforço de desinformação dirigido ao público americano e ocidental, afirmaram sob anonimato à Associated Press funcionários do Governo dos EUA.

A informação tinha sido previamente classificada, mas os funcionários disseram que tinha sido desclassificada para que pudessem discuti-la mais livremente. Os funcionários explicaram que o estavam a fazer agora para fazer soar o alarme sobre os sites em causa e para expor uma ligação entre as páginas e os serviços secretos russos.

Entre finais de Maio e princípios de Junho, uma das fontes adiantou que esses três websites publicaram cerca de 150 artigos sobre a resposta à pandemia, incluindo uma cobertura destinada a apoiar a Rússia e a denegrir os EUA.

A divulgação surge quando a difusão da desinformação, inclusive por parte da Rússia, é uma preocupação urgente quando se aproximam as eleições presidenciais de Novembro, uma vez que os funcionários norte-americanos procuram evitar uma repetição da corrida em 2016, quando a Rússia lançou uma campanha encoberta nos meios de comunicação social para dividir a opinião pública americana a favor do então candidato Donald Trump.

O chefe dos serviços de contra-informação do país advertiu numa declaração pública na sexta-feira para o uso continuado da Rússia de trolls da Internet para prosseguir com os seus objectivos.

As autoridades descreveram a desinformação como parte de um esforço contínuo e persistente da Rússia para causar confusão. Não disseram se estava directamente relacionado com as eleições de Novembro, embora alguma da cobertura nos websites pareça denegrir o concorrente democrata de Trump, Joe Biden. As histórias recordam o empenho russo de 2016 para exacerbar as relações raciais na América e conduzir a alegações de corrupção contra figuras políticas americanas.

Funcionários americanos mencionaram uma agência noticiosa, InfoRos.ru, responsável por um trio de páginas — InfoRos.ru, Infobrics.org e OneWorld.press — que dizem ter utilizado a pandemia para promover objectivos antiocidentais e para espalhar desinformação.

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