Ex-ministra lidera avaliação à transparência na Faculdade de Economia da Nova

Comissão criada pelo reitor da universidade lisboeta para avaliar relação da Faculdade de Economia com as empresas é coordenada por Maria Manuel Leitão Marques. Daniel Bessa, que também foi governante, e a cientista Maria Manuel Mota integram o grupo.

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Daniel Rocha

A antiga ministra da Modernização Administrativa e actual eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques vai coordenar a “comissão independente” criada pela reitoria da Universidade Nova de Lisboa para avaliar as relações da sua Faculdade de Economia com as empresas.

Leitão Marques, que é professora na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, coordena este grupo, cuja constituição foi anunciada na semana passada na sequência do caso dos professores que foram aconselhados a não identificar a faculdade em textos de opinião. Essa comissão integra também Daniel Bessa, antigo ministro da Economia e ex-presidente da Assembleia Municipal do Porto, que está ligado à Porto Business School, bem como Arlindo Oliveira, do Instituto Superior Técnico, ou a cientista Maria Manuel Mota, do Instituto de Medicina Molecular.

Mónica Bettencourt, do Instituto Gulbenkian de Ciência, António Bento e Francisco Veloso, dois portugueses associados a instituições de ensino superior estrangeiras –a University Southern Califórnia e o Imperial College Business School, respectivamente – também fazem parte do grupo.

Os trabalhos da comissão iniciam-se em Setembro e só serão conhecidos os resultados no final do ano. A acompanhá-los estará, na qualidade de observador, um membro do Conselho de Curadores da Universidade Nova Lisboa, José Luís da Cruz Vilaça, antigo juiz do Tribunal de Justiça da União Europeia. Dois professores da Faculdade de Economia, Álvaro Ferreira da Silva e Antonieta Cunha e Sá, vão trabalhar de perto com este grupo.

A comissão “é composta por personalidades de grande mérito e reconhecida independência, maioritariamente académicos com responsabilidades de gestão no ensino superior, todas externas à universidade”, valoriza a reitoria liderada por João Sáàgua, num comunicado divulgado esta quinta-feira.

Em causa estão as relações da Nova School Of Business and Economics (SBE), como agora é conhecida a faculdade de Economia, com empresas privadas que, por exemplo, apoiam várias cátedras na universidade. O campus de Carcavelos, inaugurado há dois anos, foi financiado por privados. A faculdade criou mesmo, para gerir o processo de angariação de financiamento e construção das instalações, uma fundação pública de direito privado, a Fundação Alfredo de Sousa, que entre os seus fundadores tem ainda a Câmara Municipal de Cascais, o banco Santander, a Jerónimo Martins e Teresa e Alexandre Soares dos Santos.

Na semana passada, o Diário de Notícias dava conta de que o director da Nova SBE, Daniel Traça, apesar de estar obrigado a ter regime de exclusividade na faculdade, é administrador do Santander, banco que é um dos mecenas da instituição de ensino, tendo auferido 143 mil euros em 2019 nessas funções.

As relações entre a Nova SBE e os parceiros privados ganharam centralidade nas últimas semanas, quando veio a público que os professores da faculdade “foram instruídos a não assinarem artigos de opinião com o nome da faculdade”, segundo noticiou no final da semana passada a revista Sábado. A decisão terá sido tomada pelo Conselho de Catedráticos, um órgão informal, que não consta dos estatutos da instituição de ensino superior. Entretanto, a direcção da Nova SBE veio a público assegurar que a questão da identificação da faculdade em textos de opinião foi discutida internamente, mas não houve nenhuma decisão. Os professores da faculdade podem, por isso, continuar a assinar os artigos de opinião associando-se à instituição.

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