Trump diz que notícias sobre pagamentos russos aos taliban são “um embuste”

Donald Trump acusa os jornais norte-americanos de difundirem notícias falsas. Na segunda-feira, Mike Pompeo falou com o porta-voz dos taliban sobre acordo de paz.

Foto
Donald Trump diz que notícias sobre a Rússia e os taliban pretendem prejudicá-lo Jonathan Ernst/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou esta quarta-feira que as informações que dão conta de a Rússia ter pago recompensas as taliban por matarem soldados americanos no Afeganistão são “um embuste” e acusou os media de difundirem notícias falsas para o prejudicar. 

“A história das recompensas russas é mais um conto de notícias falsas que pretende prejudicar-me a mim e ao Partido Republicano. A fonte secreta provavelmente nem existe, tal como a própria história. Se o desacreditado New York Times tem uma fonte, que a revele. É apenas mais um embuste!”, escreveu Trump no Twitter.

Noutra publicação na mesma rede social, Trump garantiu que não foi informado pelos serviços secretos porque as suspeitas do envolvimento da Rússia no Afeganistão nunca foram confirmadas. 

Horas antes, numa entrevista na Fox News, o conselheiro de Segurança Nacional Robert O’Brien afirmou que o Presidente norte-americano não foi informado sobre as suspeitas em relação à Rússia porque a informação não foi confirmada oficialmente. No entanto, garantiu que os serviços secretos tinham uma resposta preparada caso as suspeitas se viessem a confirmar.

“Caso essas informações se revelassem verdadeiras, tínhamos soluções para avançar e o Presidente estava pronto para responder em força, como sempre está”, garantiu O’Brien.

Na terça-feira, o New York Times noticiou que as autoridades americanas interceptaram dados de transferências proveniente da Rússia para contas bancárias associadas a figuras próximas dos taliban, no que parece constituir mais uma prova de que a Rússia pagou recompensas a militantes islamistas e mercenários que matassem soldados americanos no Afeganistão.

A notícia inicial foi avançada no fim-de-semana, tendo sido desmentida por Donald Trump, que garantiu não ter sido informado de nada. No entanto, a imprensa norte-americana cita fontes oficiais sob anonimato que garantem que os serviços secretos americanos avisaram o Presidente norte-americano, por escrito, em Fevereiro, no mesmo mês em que os EUA e os taliban assinaram o acordo de paz em Doha, no Qatar.

Além disso, há relatos de que o esquema entre os serviços secretos russos e os taliban causou a morte de vários soldados americanos em 2019, apesar de o número exacto ainda não ter sido especificado.

Perante os desenvolvimentos sobre o caso, a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, falou numa conferência de imprensa na terça-feira para reforçar que as informações divulgadas nos media não são conclusivas, daí Trump não ter sido informado antes, e que apenas têm o objectivo de “atacar” o Presidente norte-americano.

“O Presidente já foi informado sobre o que, infelizmente, já é de conhecimento público, por causa do New York Times e da fuga de informação irresponsável”, afirmou Kayleigh McEnany, garantindo que o Presidente lê os briefings escritos pelos seus conselheiros e que está informado sobre todas as questões de segurança nacional: “Este Presidente, digo-vos, é a pessoa mais bem informada do planeta Terra no que diz respeito às ameaças que enfrentamos.”

Pompeo falou com os taliban

No meio da polémica que tem colocado a Casa Branca sob pressão, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, advertiu os taliban quanto a ataques contra soldados norte-americanos no Afeganistão.

Numa videoconferência com o negociador-chefe dos taliban, Mullah Abdul Ghani Baradar, Pompeo discutiu o acordo de Doha, assinado em Fevereiro, que prevê a retirada das tropas americanas do Afeganistão nos próximos 14 meses.

“O secretário de Estado Mike Pompeo reuniu-se, por videoconferência, ontem [segunda-feira], com o negociador-chefe Mullah Baradar para discutir a implementação do acordo entre os EUA e os taliban”, afirmou em comunicado a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, citada pelo Politico. “O secretário de Estado deixou bem clara a expectativa de que os taliban mantenham os seus compromissos, o que inclui não atacar americanos”, acrescentou. 

No final da conversa, os taliban, que têm negado a entrega de prémios russos aos seus combatentes, reafirmaram que estão comprometidos com o acordo de paz e, segundo o porta-voz do grupo, garantiram que não permitem que “ninguém use o território afegão para atacar os Estados Unidos ou outros países”.

Sugerir correcção