A crise económica provocada pelo novo coronavírus já chegou a Buckingham?

Isabel II é a uma das pessoas mais ricas do Reino Unido, mas a recessão provocada pelas medidas de contenção do surto de covid-19 poderá pôr em causa a manutenção da equipa que a serve.

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A rainha Isabel II tem estado isolada em Windsor LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

O Palácio de Buckingham não vai abrir a visitas este Verão, como acontece anualmente, por altura em que a rainha vai passar uma temporada em Balmoral, nas Terras Altas escocesas, onde se situa a propriedade de eleição da monarca para o período do estio. Uma medida tomada para conter o surto de covid-19 que, no Reino Unido, já foi responsável pela morte de 35.704 pessoas.

Porém, a decisão de não abrir as salas públicas de Buckingham nem a Galeria da Rainha, bem como diversas propriedades afectas à família real, representa uma quebra representativa das receitas reais. Segundo Lord Chamberlain, o oficial com o posto mais alto e ajudante principal de Isabel II, William Peel, a previsão é para que as receitas relacionadas com o turismo diminuam num terço face ao período homólogo de 2019, o que representa uma quebra de quase 18 milhões de libras (perto de 20 milhões de euros). Para se compreender o impacte, importa saber que o valor do Fundo Soberano, entregue pelo Tesouro Britânico à rainha e que permite o pagamento dos salários de todos os funcionários da família e a própria manutenção dos palácios, é definido a partir dos lucros gerados pelas propriedades da família real, nomeadamente através do turismo

Num e-mail, citado pelo tablóide britânico The Sun, Lord Chamberlain discorre ainda sobre as consequências do confinamento, cujo fim não se estima ser para já. “Embora o Reino Unido pareça ter ultrapassado o pico das infecções, continua a não ser claro quando é que medidas como o distanciamento social chegarão ao fim.” Por isso, o responsável admite: “Temos de partir do princípio de que ainda podem passar muitas semanas, ou meses, até conseguirmos retomar a actividade normal.” “Há, sem dúvida, tempos muito difíceis à nossa frente e apercebemo-nos de que muitos de vós estarão preocupados”, escreveu, dirigindo-se ao corpo de funcionários que presta serviços à rainha.

De acordo com a mesma publicação, alguns dos palácios poderão vir a ter de reduzir postos de trabalho ou a assumir o congelamento de salários. Numa declaração, o Palácio de Buckingham não adiantou quaisquer medidas, afirmando que estas discussões só agora começaram. No entanto, não descarta nenhuma hipótese. “É muito provável que todo o país seja afectado financeiramente pelo coronavírus [SARS-CoV-2] e a Royal Household não é excepção”, lê-se no comunicado, citado pela imprensa britânica. “No entanto, o momento de abordar esta questão será quando o impacto total da situação for mais claro.”

A rainha Isabel II, que completou 94 anos a 21 de Abril, tem estado isolada, com o marido Filipe, duque de Edimburgo, de 98 anos, no castelo de Windsor — uma forma de se manter resguardada de uma doença que se tem revelado mais fatal entre as faixas etárias mais velhas, mas que já levou a que se insinuasse que este era o fim do seu reinado, com o biógrafo real Andrew Morton a estimar que a monarca não voltará a cumprir quaisquer obrigações relacionadas com o cargo, deixando sub-repticiamente a ideia de que Carlos (que aos 71 anos também já faz parte do grupo de risco) nunca esteve tão perto de assumir o trono.

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