EUA com mais 2,4 milhões de pedidos de subsídio de desemprego na última semana

Desde 21 de Março, o país registou quase 38,9 milhões de pedidos de desemprego, dos quais 25 milhões estão a receber subsídio.

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Reuters/Nick Oxford

O dia 21 de Março foi quando a escalada nos pedidos de subsídio de desemprego começou nos EUA. Precisamente dois meses depois, a pandemia continua a justificar números até agora inimagináveis. Os dados hoje libertados pelo Departamento de Trabalho indicam que na última semana houve mais 2,43 milhões de pedidos, um valor em linha com as expectativas de analistas e meio milhão abaixo do registado na semana anterior.

Com os resultados desta semana, que dizem respeito aos pedidos submetidos na semana que acabou a 16 de Maio, os EUA registaram desde 21 de Março um total de 38.885.000 de novos pedidos de desemprego, segundo os números semanais compilados pelo PÚBLICO no site do Departamento de Trabalho. É quase duas vezes o número de empregos criados na última década.

Porém, este total (alguma imprensa fala em 38,6 milhões) não traduz o número novos desempregados. Alguns dos que pediram apoio podem ter encontrado outro trabalho. Sabe-se que em Abril form destruídos 20,5 milhões de postos de trabalho. Sendo por isso mais fiável avaliar o número de pessoas que continuam a receber subsídio, e que nesta semana ascende a 25 milhões. Há, porém, enormes atrasos no processamento de pedidos, quer pela falta de pessoal na administração norte-americana, que recolhe os dados estado a estado, quer pela infra-estrutura tecnológica bastante obsoleta em alguns desses estados, alertam economistas ouvidos por jornais dos EUA e também por agências noticiosas como a Reuters. 

Nos últimos sete dias, o acréscimo repetiu o padrão das últimas sete semanas, com uma desaceleração que, no entanto, não descansa ninguém. Sinal disso foi a dificuldade sentida pelo presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, quando esta semana foi a uma comissão do Senado tentar interpretar a realidade.

“Desde a chegada da pandemia, há cerca de dois meses, mais de 20 milhões de pessoas perderam o emprego, revertendo os ganhos de emprego de quase dez anos”, disse Powell, visivelmente perturbado. “Esta queda acentuada na actividade económica provoca níveis de dor que dificilmente podem ser traduzidos por palavras”, acrescentou na altura.

Powell usou números desfasados em relação aos pedidos de desemprego que, nos EUA, são contabilizados em termos semanais e depois confirmados mais tarde, quando o apoio é aprovado e atribuído, o que demora mais algum tempo. Mas a taxa de desemprego de Abril, que ficou em 14,7% em Abril é uma forma segura de descrever a severidade da destruição laboral que aconteceu nos EUA desde Março.

Umas semanas antes, a taxa andava nos 3,5%. Há décadas que não se via um cenário assim: o pior resultado datava de Novembro de 1982, com 10,8% de desemprego. Agora, a pior notícia, como admitiu Washington quando fez as contas de Abril, é que o pior ainda poderá estar para vir.

A realidade já será pior do que a imagem dada pelos números oficiais, porque os empregados independentes (self-employed) não estão incluídos nos relatórios semanais do Departamento do Trabalho, como explica hoje o diário Wall Street Journal. A ausência destes trabalhadores das contas federais deve-se ao facto de inicialmente não estarem abrangidos por este programa de apoio aos desempregados e só mais tarde foram incluídos.

O jornal afirma, com base em fontes estaduais (que já incluem nas estatísticas os self-employed), que há mais “centenas de milhares de desempregados” na realidade, mas ausentes das contas federais, o que piora ainda mais a história do mais rápido ciclo de destruição de emprego nos EUA.

Segundo o relatório desta semana, Califórnia, Nova Iorque e Flórida foram os três estados com o maior número de pedidos registados.

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