Netanyahu e Gantz celebram “fim da maior crise política de Israel” com o maior governo da História

Executivo de coligação entre os dois maiores partidos israelitas tomou posse numa sessão marcada por interrupções dos deputados da oposição. Governo tem 36 ministros e 16 vice-ministros, uma composição polémica em tempos de covid-19.

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Benny Gantz, líder do Azul e Branco e ministro da Defesa até Novembro de 2021 Reuters/POOL
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Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel Reuters/ADINA VALMAN

Ao fim de um ano e de três eleições legislativas Israel tem finalmente um novo governo. Este domingo o Knesset (Parlamento) aprovou o executivo de coligação e rotação entre os dois maiores partidos israelitas, numa sessão plenária atribulada, por causa das críticas dirigidas pelos deputados da oposição aos dois líderes desta solução inédita: o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa (e futuro primeiro-ministro), Benny Gantz. 

A principal justificação para a formação do Governo foi a urgência do combate à pandemia do novo coronavírus. Mas para a oposição, esse objectivo não se concilia com a decisão dos líderes de Likud e partido Azul e Branco de apresentarem o maior executivo da História de Israel.

A tomada de posse chegou a ser adiada para se poderem acomodar todos os aliados e apoiantes do primeiro-ministro na nova equipa, mas Bibi e Gantz acabaram por chegar a acordo e, assim, o Governo contará com 36 ministros e 16 vice-ministros. Nos termos do compromisso da “grande coligação”, muitos deles trocarão de pastas em Novembro de 2021, com destaque para a troca de primeiro-ministro.

Yair Lapid, líder do Yesh Atid, foi um dos mais críticos ao novo Governo, quando foi chamado a discursar no Knesset. “O coronavírus foi apenas uma desculpa para a um partido corrupto continuar a ser suportado por quem paga impostos”, acusou. “Depois de todas as palavras vazias sobre a necessidade de um governo de emergência, hoje forma-se o maior e mais esbanjador governo da História de Israel”.

No seu discurso, Netanyahu sublinhou que “a população queria um governo de unidade e é isso que terá” e Gantz proclamou, com firmeza: “A maior crise política que Israel já conheceu chegou ao fim”. 

Um e outro empregaram termos como a “responsabilidade política”, o “compromisso” o “interesse nacional” e a “emergência sanitária” para reforçar a necessidade de um governo de coligação baseado num sistema de partilha de poder e apelaram aos restantes partidos para se lhes juntarem na sua missão.

Da parte de alguns deputados da oposição receberam, no entanto, gritos de indignação e revolta, e tanto Netanyahu, como Gantz, foram interrompidos durante as suas intervenções no Parlamento israelita.

Segundo o Haaretz, o primeiro-ministro – que começará a ser julgado já no dia 24 deste mês, pelos crimes de fraude, corrupção e abuso de confiança – ouviu deputados da Lista Conjunta e do Meretz gritarem “fraude eleitoral”, “mentiroso patológico” e “culpado de crimes” durante o seu discurso.

Gantz ainda tentou garantir que a decisão de se juntar ao Likud não foi uma mera “manobra política”, mas a única solução para desbloquear um impasse em tempos de pandemia, porém, foi igualmente interrompido e por deputados que abandonaram o Azul e Branco.

“Está a jurar lealdade a um homem que daqui a uma semana vai começar a ser julgado criminalmente por abuso de confiança, suborno e fraude. No mundo real não deixamos que as nossas crianças brinquem com um homem destes, mas neste edifício ele é o primeiro-ministro”, atirou-lhe Lapid, na sua intervenção, segundo o Jerusalem Post

Benjamin Netanyahu – o primeiro-ministro mais longevo de Israel, chefe do Governo desde 2009 – aproveitou ainda o seu discurso para garantir que o Governo prosseguirá com os planos de extensão da soberania israelita para o Vale do Jordão e para outros territórios na Cisjordânia.

“Os judeus nasceram e ascenderam nestas regiões”, afirmou, citado pela Reuters. “Chegou a altura de lá aplicarmos a lei israelita e de escrevermos mais um grande capítulo para os anais do sionismo”

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