Orgulho português, parceria americana e a próxima fase da crise

No contexto da pandemia global, a forma como Portugal tem progredido também serve como um importante exemplo de como uma sociedade democrática enfrentou com sucesso o desafio colocado por esta doença importada.

À medida que Portugal passa à próxima fase desta crise, o povo português deve orgulhar-se muito de como o país enfrentou esta pandemia. Embora seja sempre difícil estar longe de casa em momentos como este, eu e a minha equipa temos muita sorte por estarmos a enfrentar esta crise lado a lado com os nossos colegas e amigos portugueses. Aguardamos com expectativa por podermos tomar as medidas necessárias para voltar ao trabalho, e aproveitar a contínua liderança económica global dos EUA para promover prosperidade em ambos os lados do Atlântico.

Durante os passados dois meses viveram-se muitas dificuldades e tragédias, mas também se evidenciaram alguns dos melhores atributos que há muito admiro neste país e no seu povo. Líderes governamentais e políticos de um lado ao outro do espectro juntaram-se para apresentar uma resposta unida, os trabalhadores nas áreas de emergência agiram heroicamente para servir os necessitados, e todos os cidadãos fizeram sacrifícios para proteger as suas famílias e comunidades. E igualmente impressionante foi Portugal ter feito tudo isto sem comprometer a sua democracia conquistada com muito esforço. O fim do estado de emergência é essencialmente um ato em que o Governo limita o seu próprio poder e, como americano, aplaudo aqueles que adotam esses valores democráticos.

Este sucesso não passou despercebido no estrangeiro. Os principais meios de comunicação internacionais reconheceram que a pronta ação e a resposta disciplinada de Portugal podem ter contribuído para um menor número de casos e uma mais baixa taxa de mortalidade, em comparação com outros países da Europa Ocidental. No contexto da pandemia global, a forma como Portugal tem progredido também serve como um importante exemplo de como uma sociedade democrática enfrentou com sucesso o desafio colocado por esta doença importada.

Enquanto os regimes autoritários podem usar o medo e a desinformação para justificar ações que protegem o seu poder e o seu orgulho, os países democráticos estão a dar prioridade à saúde e bem-estar do seu povo, tomando ações decisivas e comprometendo-se com a transparência e a responsabilidade. As autoridades portuguesas forneceram informações oportunas e precisas, para que os cidadãos pudessem fazer escolhas informadas sobre como proteger as suas famílias. A comunicação social tem trabalhado para manter a sociedade informada e, ao fazê-lo, ajudou a inoculá-la contra a enxurrada de desinformação que alguns Estados disseminam para comprometer a nossa confiança na democracia. O Governo e o povo português alargaram a sua compaixão, cuidado e apoio a muitos estrangeiros, incluindo americanos, em Portugal e àqueles que procuram voltar para casa. Por isto, sou incrivelmente grato.

Estes atos de solidariedade refletem valores portugueses. Bem como o facto de Portugal os fazer sem expectativa de receber elogios internacionais ou demonstrações públicas de gratidão. Aqueles que agem de forma diferente expõem a sua fragilidade e parecem preocupar-se principalmente em usar propaganda para salvar a face.

Ao entrarmos na próxima fase desta crise, fica claro que os nossos países ainda enfrentam significativos desafios económicos e de saúde. Desde que cheguei, em 2017, tenho visto Portugal criar uma interessante dinâmica económica na tecnologia, agricultura, turismo e muitos outros setores. Recuperar essa dinâmica após a crise global será um desafio, mas Portugal e os Estados Unidos poderão fazê-lo juntos.

Estou confiante de que os Estados Unidos demonstrarão, mais uma vez, ser um dos principais motores da economia global e continuarão a ser líderes em inovação e produtividade. Assim, Portugal não terá melhor parceiro do que os Estados Unidos, à medida que navegarmos o futuro. Estou empenhado em arregaçar as mangas e trabalhar para ligar empresas portuguesas e americanas, encontrando novas oportunidades para aumentar o comércio, e acolhendo turistas e estudantes americanos assim que as condições o permitirem.

Depois de passar muitas semanas numa casa com o nome do ex-embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci, lembro-me de que não é a primeira vez que Estados Unidos e Portugal enfrentam tempos difíceis. Não podemos esquecer que a nossa relação se baseia, não apenas em negócios comerciais, na proximidade cultural, ou mesmo na história, mas também num compromisso comum com os valores democráticos. Assim, quando a minha embaixada der os primeiros passos de volta ao trabalho na segunda-feira, incentivo a minha equipa a fazê-lo com uma apreciação renovada pela força das nossas democracias, confiança na resiliência dos nossos povos, e compromisso com o estabelecimento de novas oportunidades para ambos os nossos países.

Sinto-me honrado por me ter sido confiada a tarefa de fortalecer a nossa grande relação bilateral e estou otimista que os nossos melhores dias ainda estão por vir.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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