Covid-19: imprensa internacional elogia “o bom exemplo” português

A posição geográfica do país que foi o último, na Europa Ocidental, a confirmar o primeiro caso de infecção, bem como a declaração atempada do “estado de emergência” são duas das explicações adiantadas pela imprensa internacional para o reduzido número de mortos e infectados.

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Estação de metro da Trindade, Porto PAULO PIMENTA

Um mês e meio depois de confirmado o primeiro caso de covid-19, Portugal tem-se destacado no panorama internacional pelo (até agora) sucesso no travão à propagação do novo coronavírus. Com 435 mortos, num universo de 15.472 infectados, e numa altura em que Espanha já ultrapassou os 15 mil mortos, os portugueses vêm sendo elogiados na imprensa internacional, da revista alemã Der Siegel ao norte-americano The New York Times, pela forma disciplinada como têm cumprido o isolamento social.

Na procura de explicações para que a curva epidemiológica da doença permaneça tão “achatada”, o jornal francês Le Monde lembra, por exemplo, que Portugal beneficia do facto de ter uma única fronteira terrestre com Espanha e de ter sido o último país da Europa Ocidental a ter um caso confirmado de infecção, ou seja, numa altura em que já havia um consenso alargado sobre a capacidade de disseminação do vírus.

Quando, no dia 13 de Março, o primeiro-ministro António Costa declarou o “estado de alerta” e anunciou o fecho de todas as escolas, Portugal não registava nenhuma morte associada à covid-19 e somava apenas 122 casos confirmados de infecção. Num artigo publicado no dia 9 de Abril, a Der Spiegel elogia a decisão do Governo português de permitir a regularização de todos os imigrantes com processos pendentes no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Já no The New York Times o epidemiologista espanhol Fernando Rodríguez Artalejo elogia a eficiência das medidas tomadas pelo Governo português no combate à epidemia.

É o medo que leva as pessoas a comportarem-se de forma relativamente responsável”, declarou à Der Spiegel, Ana Girbal, epidemiologista e directora geral da filial de Portugal de uma farmacêutica italiana. Mas a revista alemã apresenta outra possível explicação para o reduzido número de contágios entre os portugueses: “ao contrário do que se passa em Espanha e Itália, a generalidade dos idosos em Portugal estão vacinados contra a tuberculose”, lê-se no artigo, apontando os estudos científicos que admitem uma possível correlação entre esta vacina e uma menor taxa de morbilidade por covid-19.

“Claro que, do ponto de vista económico, todas essas medidas são desastrosas”, lembra o autor da notícia.

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