É jazz? É rock? São os Melt Yourself Down!

Nascidos das cinzas dos Acoustic Ladyland, os Melt Yourself Down são uma das formações essenciais do jazz britânico. Começaram por se inspirar na música núbia e, em 100% Yes, continuam a pensar que o saxofone se toca como uma guitarra.

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Fabrice Bourgelle

À medida que crescia, Pete Wareham foi sentindo que estava emparedado entre dois mundos raras vezes capazes de comunicar. Como se um dos ouvidos estivesse sintonizado no rock, fiel às sonoridades que descobrira nos Led Zeppelin, nos The Doors e nos Velvet Underground, e o outro só se deixasse encantar pelo jazz de Miles Davis, Charlie Parker, John Coltrane, Wayne Shorter ou Charles Mingus. A tentativa de juntar tudo isto em estéreo parecia-lhe sempre ferida por uma descontinuidade, uma cacofonia que nunca alcançava qualquer paisagem harmoniosa. Claro que era capaz de reconhecer em músicos como John Zorn, Bill Frisell e Marc Ribot gente com uma estética mais rude no jazz, ou nos Stooges de Fun House a intromissão de um saxofone que remetia para outras paragens. Mas ninguém hesitaria classificar os primeiros como pertencentes a um mundo jazzístico e os segundos como fazedores de um rock que admitia um corpo estranho mas, na verdade, nada convocava do jazz para a sua sonoridade. Por isso, Wareham passou anos a arrastar consigo a mesma pergunta sem resposta: “Como é que se funde os Ramones com Charles Mingus?”

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