Tribunal paquistanês absolve suspeito da morte do jornalista Daniel Pearl

Ahmed Sheikh tinha sido condenado à morte em 2002 por ter planeado o rapto e a execução do jornalista norte-americano, mas o caso despertou sempre muitas dúvidas.

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Daniel Pearl durante o tempo de cativeiro Reuters

Um tribunal paquistanês revogou a condenação à morte do responsável pelo rapto e assassínio do jornalista norte-americano Daniel Pearl em 2002.

Ahmed Omar Saeed Sheikh, preso desde 2002 e condenado à morte, foi absolvido do crime de homicídio pelo Tribunal Superior de Sindh e vai ser libertado “nos próximos dias”, de acordo com o seu advogado. Três outros homens que tinham sido condenados a penas de prisão perpétua também foram absolvidos e já libertados, diz a BBC.

“As acusações de homicídio não foram provadas, portanto foram dados sete anos [de prisão] pelo rapto”, disse o advogado de defesa de Sheikh, Khwaja Naveed, à Reuters. “Omar já cumpriu 18 anos, portanto a ordem para a sua libertação deverá ser emitida ainda hoje e ele será libertado nos próximos dias”, acrescentou.

A procuradoria-geral regional vai recorrer da decisão, que deverá ser ouvida pelo Supremo Tribunal do Paquistão.

Sheikh foi preso em 2002 e condenado à morte por ter planeado o rapto e o homicídio de Pearl, jornalista do Wall Street Journal, que na altura estava a trabalhar numa investigação sobre grupos radicais no Paquistão. A acusação argumentou que Sheikh atraiu Pearl a uma reunião com um clérigo em Janeiro de 2002. O jornalista desapareceu sem deixar rasto e, um mês depois, um vídeo que documentava a execução de Pearl foi enviado para o consulado norte-americano em Karachi.

A condenação de Sheikh como o principal organizador do rapto e do homicídio de Pearl levantou algumas dúvidas. Uma investigação levada a cabo por um grupo de jornalistas, incluindo antigos colegas de Pearl, concluiu em 2011 que o verdadeiro autor do crime foi Khalid Sheikh Mohammed, um radical detido em Guantánamo acusado de ter planeado os ataques contra as Torres Gémeas em Nova Iorque a 11 de Setembro de 2001.

A revogação da pena de morte atribuída a Ahmed Sheikh vem mostrar que as dúvidas levantadas na altura podem ter algum fundamento, escreve o correspondente da BBC em Islamabad. “Sheikh era visto como uma pessoa que tinha ligações ao topo dos serviços secretos paquistaneses, bem como à Al-Qaeda, e que teve um papel na fundação do grupo Jaish-e-Mohammad, responsável por ataques na Caxemira indiana durante os anos 1990. A sua prisão e condenação em 2002 vieram em rápida sucessão, numa altura em que o Paquistão sofria muita pressão dos EUA para eliminar as redes terroristas que operavam no seu território”, explica Ilias Khan.

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