Por falta de reagentes, laboratório regional do Algarve reduz análises a menos de metade

“Nunca, nenhuma colheita ou amostra ficou parada”, diz secretária de Estado adjunta da Saúde, responde, mas admite escassez de meios, que poderão ser superados com material vindo na China nos próximos dias.

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Dado Ruvic/Reuters

O Laboratório Regional de Saúde Pública do Algarve, nos últimos dois dias, reduziu de 150 para 60, o número de análises à covid-19, por falta de reagentes. Por outro lado, nos lares e centros de dia, começaram a ser feitos testes em lares algarvios para despistagem da doença, entre funcionários e utentes. O objectivo é atingir mais de seis mil testes. A iniciativa partiu da Universidade do Algarve, através do projecto do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (ABC), um consórcio que envolve a instituição universitária e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve. “Vale a pena investir na ciência”, enfatizou, durante uma visita esta terça-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, destacando o “exemplo” que a Universidade do Algarve está a dar na mobilização de docentes e estudantes de medicina, para responderem ao desafio de uma causa de interesse público.

O rastreio nos lares e centros de dia começa pelos funcionários dos lares, sendo depois alargado aos utentes. “Não basta uma só colheita, para identificar eventuais casos”, explicou o presidente do ABC, Nuno Marques, durante a cerimónia de assinatura de um protocolo, que envolve os ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para potenciar as acções a desenvolver no terreno. “As Universidades estão mesmo ao serviço do país”, disse a ministra Ana Mendes Godinho, que tutela a área social e do trabalho, referindo-se à rede de solidariedade, de Norte a Sul do país, envolvendo diversos actores da sociedade.

No caso do Algarve, o ministro Manuel Heitor sublinhou a importância de ter sido criado um curso de medicina fora dos grandes centros. “Não posso deixar de dizer que dez anos passados da criação do curso de medicina nesta universidade, valeu a pena. É para continuar, é para ser reforçado e, se possível, tem de ser duplicado noutras universidades que ainda não tenham o ensino da medicina”.

O projecto do ABC, nascido de um consórcio entre a Universidade do Algarve e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, montou há dez dias – numa tenda, junto ao estádio Algarve – um centro de recolha de análises a pessoas suspeita de infecção, depois de referenciadas pela linha SNS24.  A média de frequência foi de 150 utentes diários. No total, foram feitas mais de 500 colheiras. Porém, nos últimos dois dias, afirmou a director do curso de medicina da Universidade do Algarve, Isabel Palmeirim, “por indicação das autoridades de saúde, passámos só a fazer 60 recolhas”. A redução deveu-se à escassez de reagentes no Laboratório Regional de Saúde Pública do Algarve, que faz as análises.

“Nunca nenhuma colheita ou amostra ficou parada”, afirmou a secretária de Estado adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, embora reconhecendo falhas: “Ainda não conseguimos a quantidade expressiva que precisamos.” Nos próximos dias, adiantou Jamila Madeira, “novos voos, vindos da China” trarão mais material, colocando no terreno os meios de diagnóstico e protecção dos profissionais que escasseiam. Em Portimão, também foi montado há uma semana, pelo ABC, um centro de recolha de análises, mas ainda não funciona, por falta de meios.

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